Aquela trajetória tradicional que consistia em ir para a escola nos primeiros anos da vida, fazer faculdade e passar o resto do tempo trabalhando caiu por terra. Agora, as décadas que seguem à universidade serão as mais importantes na educação de um profissional. Trata-se do “lifelong learning”, ou aprendizado ao longo de toda a vida. Um dos fortes defensores desse novo modelo é o brasileiro Leandro Herrera, fundador da empresa de educação Tera. Nesta quinta-feira (14/09), ele falou sobre como se manter produtivo diante de um futuro ainda incerto, durante evento promovido pelo espaço de coworking Cubo, em São Paulo.
“Para mim, toda empresa é um organismo vivo. Elas existem porque há pessoas ali que se juntam para produzir algo que tenha valor para a sociedade. E o nosso oceano é a internet”, diz Herrera. “Num período de 10 anos, adicionamos 3 bilhões de pessoas na internet. Isso transforma tudo.”
O aumento no número de pessoas conectadas, ele lembra, mudou o ranking das maiores empresas do mundo. Em 2017, as cinco maiores companhias do mundo são de tecnologia: Apple, Amazon, Microsoft, Facebook e Google. “Como organismos, essas empresas se moldaram ao meio. Produziram um novo DNA.” Herrera diz que a chave foi construir um ecossistema que permitisse que elas sobrevivessem: com uso de dados, tecnologia adaptativa e orientação ao design.
E isso também se aplica à carreira de profissionais, segundo ele. “Também estamos sendo afetados e sobreviverão os mais adaptados ao meio. Em 25 anos, 47% dos empregos terão desaparecido, segundo a The Economist. É um super desafio para a gente. É um momento incômodo.”
Essas mudanças no mercado, com robôs tomando postos de trabalho, afeta diretamente a educação. O modelo atual, que privilegia os primeiros anos de vida, não faz mais tanto sentido. Quem entra no mercado, aponta Herrera, não está necessariamente apto para trabalhar. “Isso é bastante sintomático do problema que nós temos. Entra a necessidade de mudarmos o mindset.” O empreendedor defende que, agora, as pessoas não podem parar de aprender.
Herrera destaca que existem “macrotendências” quando se trata de carreira. São as mudanças que estão revolucionando o mercado de trabalho. Uma delas é a extrema longevidade: a expectativa de vida está aumentando muito. “Vamos viver até os 100 anos, ótimo, mas isso muda a natureza do trabalho.”
Outra macrotendência é ascensão de máquinas e sistemas inteligentes. Ou seja, cada vez mais a tecnologia passa a desempenhar as funções hoje realizadas por humanos. Há também um “novo ecossistema de mídias”. A forma como nos comunicamos tem mudado e o mundo está hiperconectado.
Diante desse cenário, existem competências que todo o profissional deveria ter daqui a diante, segundo ele:
Transdisciplinaridade: o uso de conhecimentos de várias áreas ao mesmo tempo
Gestão de carga cognitiva: recebemos muitas informações de todos os lados simultaneamente, e precisamos pensar na melhor maneira de absorver tudo isso
Inteligência social: a importância dessa habilidade não vem de hoje, mas há agora uma pressão maior sobre nossas qualidades sociais (saber lidar com o próximo, sobretudo)
Proficiência em novas mídias: “se nós estamos olhando para o futuro, precisamos entender os novos padrões de linguagem”, diz Herrera
Colaboração virtual: sim, aquelas conversas de Skype contam. Mas agora precisamos dar mais valor e nos sentirmos mais familiarizados com essas relações remotas
Pensamento adaptativo: temos de criar coisas novas diante de novas realidades
Algumas das profissões que devem se destacar são aquelas que mesclam negócios e tecnologia, afirma Herrera. “É o que chamamos de profissionais híbridos.” Quer exemplos? Cientistas de dados, UX designers, desenvolvedores mobile, growth marketers, digital product manager e desenvolvedores de web. Já começou a se preparar?
Fonte: Época Negócios