Alguns entrevistados perdem a medida da espontaneidade na hora da entrevista do emprego.

Em uma sala fechada, sentados diante de um desconhecido, empresários e consultores já ouviram frases esquisitas – levando em conta que foram ditas por pessoas que se candidatavam a cargos executivos em uma empresa.

Enquanto alguns se prepararam para entrevistas de recolocação profissional com um rigor exagerado (correndo o risco de se transformarem em aparentes robôs politicamente corretos), outros perdem a medida da espontaneidade e acabam queimando o filme diante do potencial empregador. Ou ainda: não seguram o impulso e têm reações, no mínimo, surpreendentes.

A seguir, onze reações inusitadas – e inesquecíveis – relatadas por headhunters, empresários e executivos ouvidos por Época NEGÓCIOS.

  1. “Olha, eu não sei o que estou fazendo aqui”.
  2. Quando perguntado sobre os fatos mais marcantes de sua vida, o candidato respondeu: “O que mais me marcou foi a minha separação da minha ex-mulher. Isso me deixou desequilibrado emocionalmente”. A ideia do entrevistador era que o profissional respondesse sobre sua carreira. Diante do que ouviu, o empresário que conduzia a conversa entendeu aquilo como a demonstração de “uma sinceridade profunda na conversa”.
  3. “Deve ser bom trabalhar na sua empresa. Só o que vocês contratam de celebridades gatas…”, disse um entrevistado para o dono de uma companhia que contrata mulheres famosas – e bonitas – para suas campanhas.
  4. No meio de uma entrevista que caminhava exatamente como manda o protocolo – a ponto de o headhunter não saber se o interlocutor estava sendo sincero ou se tinha se preparado de modo impecável –, o candidato, de repente, começou a chorar. Era um sujeito de mais de 50 anos. “Desculpe, estou em depressão”, disse. Dali em diante, o papo ficou pesado. Porém, mais espontâneo e empático.
  5. “Quero muito trabalhar nessa empresa [do setor ótico] porque, quando era criança, sofri muito por ter que usar óculos. Agora que são cool, quero poder comprar vários modelos com desconto de funcionário.”
  6. Foi perguntado a um executivo que concorria à posição de CEO de uma grande empresa, como ele começava o planejamento estratégico da companhia em que trabalhava na época. “Tudo vem de fora [a matriz era nos Estados Unidos], não preciso fazer nada”, ele respondeu. O headhunter insistiu. Disse entender que o alinhamento estratégico era global, mas que a necessidade de localização da estratégia para o país era muito importante. “Não é, não. É tudo igual.” A conversa durou meia hora e foi considerada “trágica” pelo entrevistador.
  7. Uma entrevista com um candidato a gerente caminhava bem, até que chegou a hora de checar seu inglês, já que era crucial para a posição a que ele concorria. Como constava no currículo que o sujeito era fluente no idioma, o headhunter propôs que continuassem a conversa em inglês. “Sim”, respondeu o profissional. “Mas antes, posso ir ao banheiro?”. Ele nunca mais voltou.
  8. Um candidato estava nitidamente tenso durante a entrevista com o empresário. O entrevistador, então, tentou acalmá-lo, dizendo para ele relaxar, que não parecia estar em um bom dia e que isso fazia parte da vida. O rapaz começou a chorar copiosamente. Repetiu várias vezes que precisava muito daquele emprego. “Delicadamente, sugeri que parássemos a conversa por ali”, afirma o empresário.
  9. “Quero trabalhar aqui porque adoro ler”, disse um executivo durante uma entrevista para trabalhar em uma livraria. “Como se ele fosse ter tempo para tempo durante o expediente”, diz o entrevistador.
  10. Quando perguntado sobre suas qualidades e defeitos, o candidato disparou a falar adjetivos positivos. Nada negativo. “Mas e os defeitos?”, insistiu o executivo que o entrevistava. “Estou pensando, mas não lembro de nenhum. Sou um profissional completo.”
  11. O candidato era gago. Para saber se ele percebia a própria condição, a consultora perguntou se ele notava a dificuldade que tinha para falar. O entrevistado, então, respondeu com uma história: “Eu não sou gago. Acontece que fui criado por uma babá, pois meus pais viajavam muito. Ela, sim, era gaga. Eu apenas aprendi a falar com ela.”

Fonte: Época Negócios