O IBGE ampliou a pesquisa de emprego para ter um retrato mais completo do mercado de trabalho, e descobriu que quase 23 milhões de brasileiros estão desocupados ou trabalham menos do que gostariam.

Joséias, Renata e Felipe vivem realidades bem diferentes. Joséias de Freitas é açougueiro e está desempregado há três meses: “Me dispensaram por isso mesmo, por motivo dessa crise que está rolando, e acho que financeiramente, para o patrão, não estava dando para segurar quatro, cinco funcionários.”

A esteticista Renata Pacheco está empregada, carteira assinada, tudo certo, mas ela gostaria de trabalhar mais horas para ganhar mais: “Devido à crise no país e eu também sou a chefe da família da minha casa hoje, eu preciso muito ajudar a complementação da minha renda.”

Já Felipe diz que gostaria muito de trabalhar, mas…

“Trabalho agora nem pensar. Não dá. Foco total nos estudos”, diz.

O Joséias está no grupo que é cada vez maior: dos que estão sem trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho recomendou que institutos de pesquisa de todo o mundo também levem em consideração o grupo da Renata, que já tem uma atividade e quer trabalhar mais, e o do Felipe, que é um trabalhador em potencial, que poderia estar no mercado.

Imagine que uma pizza seja o mercado de trabalho. Antes, as fatias dessa pizza eram mostradas de forma separada, uma de cada vez. Agora, com esse novo método, o IBGE resolveu juntar todas as fatias e apresentar a pizza inteira, de uma vez só. Esse retrato mais fiel pode ajudar o governo a entender melhor as necessidades de quem faz parte do mercado de trabalho.

O novo indicador do IBGE, que soma os três grupos, mostra que o mercado de trabalho não absorve – de alguma forma – quase 23 milhões de pessoas. Isso representa 13,6% do total de brasileiros em idade de trabalhar (14 anos de idade ou mais).

“É um indicador que te dá uma visão clara do que está acontecendo, qual é a parte do mercado que está sendo hoje subutilizada”, afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE

JN: Você tem dois filhos, já tem um emprego, vai dar conta de um terceiro?
Renata: Com certeza, e dar atenção para eles também. E se eu conseguir algo que seja com carteira assinada, com certeza eu vou pegar,

Indicadores novos ou antigos, o que o Joséias quer é ficar fora deles. Nesta quinta-feira (13) ele saiu do Balcão de Empregos com duas entrevistas agendadas.

“O pensamento é positivo, graças a Deus, para frente, e nunca para trás. Sempre para frente. A gente enverga, mas não quebra”, afirma.

Fonte: G1