Sabe aquele sonho clichê e aparentemente impossível de largar tudo e dar a volta ao mundo? Ele se tornou realidade para um casal mineiro, que percorrerá 75 países dos cinco continentes nos próximos três anos e meio. Agora é aquele momento que você pensa “eles só podem ser ricos ou hippies”, mas a história saiu um pouco do roteiro original.

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A jornalista Sabrina Chinelato, 23, e o professor de economia Henrique Fonseca, 30, fizeram o que está tão na ponta do nariz que pouca gente vê: um planejamento financeiro disciplinado, que pode ser copiado por qualquer um.

Eles perceberam que poderiam dar a volta ao mundo quando montaram um orçamento detalhado das despesas. “O principal era descobrir um valor aproximado de quanto gastaríamos para o sonho da viagem se tornar palpável”, conta Sabrina.

Chegaram a um custo estimado de 100 mil reais por ano, aproximadamente 75 dólares por dia. Como? Calcularam quanto gastariam com combustível, alimentação e outras despesas em cada país.

A ideia é viajar de carro, adaptado para ser também uma casa. Nas travessias marítimas, o automóvel será despachado em um container e o casal viajará de avião. Assim, as principais despesas da viagem serão com combustível, alimentação e transporte marítimo. Veja:

Despesa de viagem de casal em Seu Dinheiro
Terra Adentro/Divulgação

Para chegar  a essas estimativas, Sabrina e Henrique calcularam exatamente quanto gastariam em cada categoria. Para calcular o combustível, por exemplo, planejaram quantos quilômetros rodariam em cada país e usaram o site Global Petrol Prices, que fornece o preço médio do litro de combustível por país.

“Com base no valor do diesel, norteamos nosso roteiro. Na Bolívia, por exemplo, que o combustível é mais barato, ficaremos mais tempo”, explica Henrique.

Para a alimentação, a conta de consumo médio por dia foi feita com base em relatos de outros viajantes, blogueiros ou conhecidos. “Em países mais caros, planejamos comprar as comidas no supermercado e cozinhar dentro do carro. Nos mais baratos, podemos nos dar ao luxo de comer em restaurantes”, conta Sabrina.

Há um limite diferente de gasto por dia em cada país, mas o importante é seguir a média de 75 dólares por dia. Para isso, o plano para controlar os gastos é anotar até as balas consumidas em um caderno, que não corre o risco de ficar sem bateria. A cada semana, o casal pretende categorizar suas despesas em uma planilha e divulgar os gastos da viagem em seu site.

O roteiro de Sabrina e Henrique é tão detalhado que eles sabem exatamente onde estarão em cada dia dos próximos três anos e meio. É claro que essa é só uma estimativa, mas tamanha organização foi necessária para fechar as contas com menos chance de erro. A projeção dos gastos levou em conta a inflação esperada para cada país.

Receitas e investimentos

A viagem começou no último domingo (9) em direção ao Uruguai. Até agora, Sabrina e Henrique têm 150 mil reais, investidos em títulos públicos e CDBs no Brasil.

Para chegar a essa quantia, eles organizaram o orçamento durante os últimos dois anos para poupar absolutamente tudo que poderia ser supérfluo. “Paramos de sair, de comprar roupa, de fazer qualquer gastro extra. Guardávamos a maior parte do que ganhávamos para a viagem”, conta Sabrina.

Os dois também venderam praticamente todos os bens acumulados ao longo da vida, do carro aos móveis da casa, e investiram sua reserva financeira em itens que poderiam ajudar a reduzir gastos ou ter receitas durante a viagem.

“O investimento inicial na nossa casa sobre rodas foi a principal forma de economizar”, diz Sabrina. O casal investiu 40 mil reais para transformar o carro em um motorhome. Também adquiriu uma câmera fotográfica profissional.

Para fechar as contas durante a viagem, o plano é ainda juntar cerca de 5 mil reais por mês. Para isso, ambos são fotógrafos documentaristas e venderão suas fotos da viagem para bancos de imagem.

O plano é também juntar alguma renda com suas atividades profissionais à distância. Sabrina continuará produzindo conteúdos jornalísticos e Henrique, dando aulas por videoconferência.

Boa parte do dinheiro continuará investida em CDBs e títulos públicos no Brasil. Outra parte será aplicada em um fundo cambial, que protege os viajantes da variação imprevisível do câmbio.

Uma terceira parte, cerca de 10 mil reais, será mantida em uma conta corrente internacional. O casal também carregará um cartão internacional pré-pago.

A ideia é também ter sempre alguma quantia de dinheiro em espécie, por segurança. Vai que não aceitem cartão em algum canto da Groenlândia?

Fonte: Exame.com