Empresas que têm mais de cem funcionários são obrigadas, por lei, a cumprir uma cota de contratação de pessoas com deficiência. Mas a realidade está longe disso. Apesar de muitos deficientes estarem capacitados para o mercado de trabalho, grande parte das empresas ainda não consegue receber esses profissionais.

Aos 24 anos, deficiente mental, Lucas conseguiu emprego na linha de produção de uma indústria de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Eu só catava latinha na rua para poder conseguir dinheiro”, conta.

Os números relacionados à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho estão muito abaixo do ideal. Nem 40% das vagas destinadas a esse público são preenchidas no Brasil como manda a lei. Por um lado, as empresas alegam falta de mão de obra qualificada. Por outro, especialistas dizem que muitas empresas não investem em acessibilidade para receber essas pessoas.

“Acessibilidade arquitetônica, atitudinal e comunicacional. A gente pensa muito em acessibilidade arquitetônica: rampas, elevadores, pisos que não tenham barreiras. Então essa é a mais clara, mas existe uma outra também que é acessibilidade atitudinal. É o respeito das pessoas”, explica Osvaldo Barbosa, superintendente do Instituto Ester Assunção.

O instituto sem fins lucrativos promove capacitação e inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Além de 70 pessoas capacitadas aguardando vaga em uma agência de empregos, a instituição tem 200 alunos estudando em cerca de dez cursos com carga horária que vai de 20 a 120 horas. O instituto busca empresas parceiras para absorver essa mão de obra.

Ludmila Luiza de Souza, de 20 anos, tem paralisia do lado direito do corpo. Ela foi indicada pelo instituto para o setor de RH de uma grande empresa. “Você pode fazer, pagar uma conta, ajudar em casa, ajudar o seu pai, sua mãe”, relata.

A experiência mostra que o preconceito tem sido a maior barreira pra esses alunos. “Se a pessoa tem essa oportunidade e consegue colocar em prática o que ela sabe e tem todo um processo de amadurecimento”, fala o assessor de projetos inclusivos Romário Foth.

Após dois meses, Ricardo Nacur não se arrepende de ter contratado Lucas. Ele tem sido muito eficiente e a experiência tem sido positiva para toda a empresa. “Uma adaptação para o trabalho. Todo mundo tem essa preocupação de olhar como ele está desenvolvendo, ir lá, dar uma ajuda, sem que a empresa cobrasse isso.

Outras informações sobre o Instituto Ester Assunção e os profissionais cadastrados pelo telefone 3592-1011.

Fonte: G1