Para selecionar profissionais, as empresas estão apostando cada vez mais em entrevistas comportamentais, que investigam a postura e atitudes do candidato em empregos anteriores. Nesse tipo de entrevista, cada vez mais comum, muito mais do que a lista de habilidades técnicas ou a sequência de cargos ocupados, é preciso saber responder com clareza e sinceridade a perguntas mais profundas, às vezes sobre situações difíceis que o candidato enfrentou. “A gente costuma dizer que o profissional muitas vezes entra pelo lado técnico, mas o que o faz sair é o comportamento”, diz Juliana Alvarez,  Gerente de Recrutamento da Page Personnel nas áreas de RH, Vendas e Marketing.

Conversamos com a especialista sobre como se preparar melhor para esse momento e listamos a seguir cinco perguntas que você precisa saber responder na entrevista de emprego.

1 – O que levou você a se movimentar?

Com essa pergunta, o entrevistador quer saber por que o candidato busca uma nova oportunidade e também o que motivou as demais mudanças que teve ao longo da carreira. A dica é ser o mais sincero possível, por mais que o motivo da mudança tenha sido complicado, como demissões e problemas de relacionamento.

Para estar bem preparado, Juliana recomenda demonstrar consciência das motivações que o fizeram mudar e focar no que aprendeu com cada situação. Se você foi demitido porque seu desempenho ficou abaixo do esperado, é importante demonstrar o que está fazendo para reverter a situação.

Evite e respostas abertas e genéricas (oportunidade melhor, vi vantagem, queria novos desafios) e nunca minta (recrutadores costumam  checar referências) ou fale mal do emprego anterior.

Prefira usar frases positivas, que causam um impacto mais profissional. Por exemplo:

  • Em vez de “o salário era muito baixo na outra empresa”, prefira : “mudar foi melhor financeiramente”.
  • Em vez de “minha relação com aquele chefe não era boa”, diga: “me identifiquei com a nova liderança”.

2 – Fale sobre casos de sucesso que você teve nas empresas onde trabalhou/ Conte sobre um desafio que precisou enfrentar.

O objetivo do entrevistador com essa pergunta é entender como o profissional acumulou competências ao longo da carreira e como lidou com momentos de estresse, como rotina pesada, prazos apertados ou problemas de relacionamento.
É a oportunidade para você “vender o seu peixe”. Tenha sempre 3 ou 4 casos de sucesso na manga e prepare, para cada um deles, uma história com começo, meio e fim: qual era o desafio, como você atuou para superar o desafio e qual foi o resultado.

Dessa forma, o entrevistador vai conhecer, indiretamente, qual sua experiência técnica, sua atitude e funções desempenhadas.

3 – Quais são suas maiores qualidades? E os seus defeitos?

Apesar de preferir dizer que as pessoas não têm defeitos, e sim pontos a serem desenvolvidos, Juliana afirma que ainda é comum perguntar ao candidato quais são seus defeitos e qualidades.
Respostas genéricas, do tipo “sou muito perfeccionista” e “trabalho demais” são clichês e não diferenciam o candidato. A chave, aqui, é demonstrar autoconhecimento e saber exatamente o no que você se destaca tecnicamente e comportamentalmente, citando exemplos de como sua qualidade é vista pelos outros. Em vez de dizer que é perfeccionista, por exemplo, prefira citar ações concretas: “Meus relatórios são impecáveis e sou elogiado por isso, o que me trouxe a consequência X (por causa disso assumi uma coordenação, fui promovido, recebi um mérito etc.).”
Ao falar dos defeitos, procure explicar o que tem feito para melhorar. Em vez de “sou muito ansioso”, é preferível contar ao entrevistador como você controla a ansiedade, por exemplo: “comecei a praticar corrida/ entrei na academia e isso me ajudou a canalizar a energia, me deixando mais tranquilo no trabalho”.
“Não gosto de trabalhar com gente incompetente” é outro clichê. Se esse for o seu caso, prefira afirmar que não tem paciência para trabalhar com pessoas que não têm o mesmo ritmo, o que às vezes faz com que você assuma trabalhos que não são seus, e conte o que tem feito para melhorar esse ponto.

4 – Já teve gestão de pessoas?

“O candidato que busca seu primeiro cargo de gestão muitas vezes traz casos de gestão indireta”, explica Juliana. A dica da especialista para quem ainda não passou por uma posição de gestão de pessoas é deixar claro que tipo de gestão exerceu anteriormente com clareza e sem floreios.
Alguns exemplos de gestão indireta de pessoas são compartilhar um estagiário que era de outra equipe, e a situações de projetos em que precisou gerenciar o trabalho de fornecedores e pessoas de outras equipes. Enfatize suas habilidades de relacionamento interpessoal, a interação com outras áreas, gestão de tempo e do trabalho de terceiros.

5 – Qual a sua pretensão salarial?

Essa pergunta aparece geralmente no final da entrevista e com ela o entrevistador quer saber basicamente duas coisas: se o candidato está buscando uma nova posição apenas pelo dinheiro e se a expectativa salarial dele está dentro do que a empresa pode oferecer.

Para responder, a gerente de recrutamento recomenda cuidado. “O candidato tem medo de responder e, com receio de não ser valorizado, dá um valor alto de pretensão salarial pensando que pode baixar na negociação. Isso é um erro e pode demonstrar que não o profissional tem o discernimento do que o mercado oferece”, diz Juliana.
A dica para se sair bem nessa pergunta difícil é não ser muito enfático, evitando frases do tipo “não aceito menos do que isso”, pois o candidato pode fechar as portas para uma oportunidade interessante, em uma empresa na qual em pouco tempo poderia ganhar até mais do que sua pretensão inicial, por exemplo.

A dica da especialista é deixar claro que você está aberto para uma negociação. Diga algo do tipo “Meu salário atual é X e penso em receber Y pela movimentação, mas estou muito mais interessado na oportunidade como um todo e em entender o que a empresa tem a oferecer”.

 

Fonte: GuiadaCarreira