Existem erros, falhas e armadilhas na hora de fazer currículos que, se o candidato incorre em algum deles, pode não ser perdoado por quem seleciona profissionais nas empresas. Resultados possíveis: o currículo é descartado, o candidato não é chamado para entrevistas e assim acaba perdendo uma boa oportunidade profissional, sem sequer ter a chance de ser verdadeiramente avaliado em suas boas qualificações!

Felizmente muitos desses erros em currículos são previsíveis. Em nossas experiências no site Curriculum.com.br, já vimos o suficiente para dizer que a maioria dos numerosos artigos publicados na Internet sobre este assunto, do tipo “os 10 erros mais graves no currículo”, estão mostrando somente alguns dos erros. A lista real provavelmente é mais longa que isso, mas realmente não dá para falar sobre TODOS os erros possíveis.  Então vamos começar pelos mais perigosos e depois comentar sobre alguns – infelizmente – mais frequentes:

Mentir no currículo

Esse é o mais grave de todos! Alguns candidatos, pressionados pela necessidade do emprego, podem se sentir seduzidos pela tentação de “turbinar” o currículo dessa maneira.

Mesmo que a mentira não seja detectada pelo selecionador na hora de ler o currículo e até mesmo no processo seletivo, ela pode causar sérios arranhões na carreira do profissional diante da empresa contratante, caso se torne visível depois de uma eventual contratação.

Informar no currículo conhecimentos em idiomas acima do que o candidato realmente conhece, cursos que ele nunca fez, software que ele não sabe usar, atribuições e responsabilidades que ele nunca exerceu, além de inflar resultados de trabalho que ele nunca obteve nas experiências são exemplos de mentiras facilmente detectáveis em testes durante a seleção e até em eventuais consultas aos antigos empregadores.

Errar no português

Em algumas pesquisas já realizadas com selecionadores das empresas, a maioria deles chegou a apontar erros de português como o fator que mais desclassifica candidatos na hora de selecionar currículos.

Realmente não é fácil se manter cem por cento dentro das normas da língua portuguesa em tudo o que escrevemos. Mas pense bem: se você encontrasse um erro sério aqui mesmo, neste artigo, qual seria a sua reação? Isso poderia levar a você a desconfiar sobre a credibilidade do artigo, por mais bem fundamentado que o conteúdo dele seja. Você não vai querer que isso aconteça na hora de um selecionador ler o seu currículo, não é mesmo?

Nós também não queremos! Evite desperdiçar oportunidades por causa de um currículo mal escrito e com erros. Há várias maneiras para evitar isso: peça a alguém com português confiável para revisar o texto. Se você conhecer um revisor profissional, melhor ainda! Se não conhecer, saiba que a Curriculum.com.br, por exemplo, conta com uma equipe de especialistas experientes em milhares de currículos analisados e revisados que, além de corrigir o português, melhoram a linguagem. Se você tiver interesse, conheça o que fazemos aqui.

De uma maneira ou de outra, no mínimo você precisa se certificar de que não haja erros no currículo. Busque sempre a ajuda de pessoas em quem você possa confiar caso não tenha certeza de que o currículo está bem escrito. E siga nossas dicas sobre como descrever corretamente suas experiências em artigos como o que você pode ler aqui, do nosso Manual da Recolocação.

Deixar de informar o objetivo profissional

Este ponto é provavelmente uma unanimidade dentre os selecionadores das empresas: se o candidato não informar seu objetivo profissional no currículo, este é automaticamente descartado.

Um dos motivos é que os selecionadores geralmente têm muitos currículos por vaga e pouco tempo para ler cada um, às vezes somente alguns segundos apenas, como já dissemos em artigo anterior aqui no Manual. Por isso, caso os selecionadores não consigam identificar rapidamente em quais vagas o candidato se encaixa, podem não ler o currículo e passar para o próximo.

Seja bem claro quanto ao seu objetivo, informando cargo e área (por exemplo, Analista de Marketing, Auxiliar Administrativo, Gerente Comercial, etc.)

Incluir mais de um objetivo profissional

Também não vá incluir mais de um objetivo profissional. Em currículos impressos, informe apenas um objetivo. A exceção é para currículos na Internet, que podem ser encontrados pelas empresas por meio de sistemas de buscas como na Curriculum. Por exemplo, um Gerente de Vendas poderá querer aparecer nas buscas das empresas em diversos cargos similares e nomes diferentes, como “Gerente de Vendas Regionais” e “Gerente Comercial”.

Incluir um objetivo profissional não compatível com seu perfil

Por exemplo, se você é analista neste momento de sua carreira, dificilmente deverá colocar “diretor” como objetivo em seu atual currículo. Antes de chegar a diretor, terá de passar por outras posições intermediárias.

É possível tentar o próximo degrau para subir na carreira, mas suas possibilidades podem se reduzir ao tentar saltar dois ou mais degraus de uma vez só. Da mesma forma, quem está mudando de área profissional pode e deve adaptar o objetivo, mas não se esqueça de reforçar, ao longo do currículo, os pontos que o qualificam para a nova área: uma nova formação, cursos e algumas experiências relacionadas sempre que possível.

Exagerar em ser específico ou ser genérico demais no objetivo profissional

Um exemplo um tanto exagerado quanto a ser específico demais, mas apenas para ilustrar: informar o objetivo “Especialista em Construção de Pontes Estaiadas”, quando o candidato na verdade for um engenheiro civil. A não ser que o profissional já esteja se candidatando a uma vaga especificamente com este título, certamente há muito mais vagas no mercado para engenheiros civis do que para profissionais tão especializados como o “exemplo” que demos. É preferível que o profissional coloque um objetivo que amplie suas possibilidades, e que não as diminua.

Evite também ser genérico demais, informando só a área, como por exemplo, “Vendas”. Neste exemplo, o candidato quer ser um vendedor, um supervisor de vendas ou um gerente de vendas? Ajude os selecionadores a entenderem rapidamente para onde o seu perfil aponta.

Informar pretensão salarial

Informe pretensão salarial no currículo apenas se a descrição da vaga à qual você está se candidatando exigir. Caso contrário, se você ainda não sabe exatamente quais as responsabilidades, atribuições e exigências que uma empresa fará para que você ocupe a vaga, não terá plenas condições de formular uma pretensão salarial adequada ao cargo oferecido. Poderá acabar propondo um valor até mais baixo do que a empresa de fato estava pretendendo pagar. Ou mais alto.

O ideal é que a negociação salarial aconteça somente depois de você apresentar suas qualidades profissionais à empresa e conhecer todas as responsabilidades, atribuições e exigências da vaga. No momento certo, dedicaremos um artigo inteiro a este assunto aqui no Manual. Continue acompanhando!

Deixar o currículo em mais que duas ou três páginas

Vamos repetir a ideia aqui: os selecionadores têm pouco tempo para ler currículos. Já falamos sobre isso num artigo anterior que você pode ler aqui. Por isso, não adianta o candidato escrever a biografia profissional completa, contando como ele se tornou diretor administrativo depois de ter começado a carreira 30 anos atrás como auxiliar administrativo. Apesar de uma conquista como essa ser um verdadeiro motivo de orgulho para profissionais deste perfil, tudo o que os selecionadores precisam saber no momento de ler o currículo deste profissional é se ele está atualmente qualificado para participar de um processo para diretor administrativo e se, por este motivo, eles devem convocá-lo para as entrevistas.

Portanto, o melhor é manter no começo do currículo, logo depois do objetivo, um resumo sobre suas principais qualificações e pontos altos do seu perfil, que reforcem os motivos para os selecionadores desejarem conhecer você mais de perto em entrevistas presenciais.

Em sistemas de recrutamento na Internet como o da Curriculum.com.br, o currículo pode ter mais páginas, pois neste caso toda a massa de informações poderá ser útil especialmente para o candidato ser encontrado em buscas de currículos em diversos filtros e por palavras-chave. Mas quanto ao currículo impresso, no Brasil duas páginas são geralmente suficientes, ou três no máximo, em situações muito especiais.

Informar dados de contato desatualizados ou incorretos

Este erro não descarta seu currículo da seleção, mas descarta você das entrevistas! O selecionador pode gostar do seu currículo, mas não conseguir falar com você na hora de chamá-lo para a entrevista, por motivos até mesmo bobos: seu e-mail estava digitado errado ou é um endereço que você não utiliza mais, ou seu telefone já não é mais aquele que você informou. A solução a simples: revise seus dados de contato. E nada de informar e-mails “fofinhos” ou engraçados, do tipo “fofinha@…” ou “super-homem@…”, ok? Se necessário, crie outro e-mail com endereço mais profissional para usar no currículo, como “nome-sobrenome@…”.

Deixar o currículo em linguagem exclusivamente técnica

Tenha em mente que, em empresas com uma área de recrutamento e seleção estruturada, os primeiros leitores do seu currículo geralmente são pessoas de recrutamento e seleção que não conhecem necessariamente todos os termos técnicos sobre a sua área de atuação. Assim, eles poderão não entender o que você está dizendo, caso utilize em seu currículo uma linguagem excessivamente técnica. A situação piora quando pensamos que estes leitores têm segundos para ler e entender cada currículo. Quanto menos tais leitores entenderem o que você diz, menos você conseguirá comunicar facilmente a elas os motivos pelos quais você é realmente um bom candidato para aquele cargo.

Portanto, procure descrever suas principais atividades e realizações numa linguagem que a maioria das pessoas possa entender. Você não só venderá melhor suas próprias qualificações para estes leitores do seu currículo, mas também para todos os demais perfis de leitores, incluindo gerentes e diretores na sua própria área. Não é a linguagem que deve demonstrar seus conhecimentos técnicos. As boas realizações que você descrever por si só provavelmente já exigiram todos os conhecimentos técnicos que você quer demonstrar. Você pode e deve falar sobre os conhecimentos que adquiriu, mas sempre procurando facilitar a compreensão para quem lê o currículo.

Incluir fotos inadequadas

Incluir foto no currículo já é algo bastante discutido por especialistas. Já falamos sobre esse assunto em artigo anterior, mas resumindo, só inclua fotos se a vaga solicitar, ou se o cargo ao qual você está se candidatando envolva aparência como uma qualificação (exemplo: modelo fotográfico) e se você tem uma foto de qualidade para incluir, mostrando postura e vestimentas profissionais.

Nada de incluir fotos pessoais fora do contexto profissional, em situações como a cervejinha com amigos ou festas. Se houver foto no currículo, ela deve ser mais um dos itens que reforcem os motivos para o selecionador chamar você para entrevistas. Do contrário, só poderá prejudicar suas chances.

Exagerar ou descuidar do visual do currículo

Currículos com fontes engraçadas ou fora do padrão, papel de cores chamativas, texto inteiro em negrito ou itálico, mal distribuído no papel, com fontes grandes demais ou pequenas demais, cópias xerox… Estes são alguns exemplos do que não fazer com o visual do currículo.

Prefira papel branco ou no máximo de cores neutras, fontes sóbrias, com tamanho suficiente para leitura fácil. Procure distribuir bem o texto, mantendo alinhamentos, espaçamentos de parágrafos e margens. Imprima os currículos com a melhor qualidade que puder, evitando falhas na impressão. Se você deseja chamar a atenção para o seu currículo, faça isso com um visual impecável, limpo, organizado, sóbrio e profissional.

Incluir informações desnecessárias

Este item pode até não eliminar seu currículo da seleção, mas é uma dica para você não gastar o pouco espaço que tem – duas páginas, no máximo – com informações que não são obrigatórias e que não ajudarão você a ser escolhido pelos selecionadores.

Por exemplo, números de documentos pessoais, como RG e CPF, são totalmente dispensáveis. Se você tem documentos profissionais como CREA, informe apenas “com CREA”, sem mencionar o número.

Número de filhos e nomes dos pais também são exemplos de informações desnecessárias.

Informar cursos complementares não relacionados ao objetivo profissional

Cursos de culinária no currículo? Somente se você estiver se candidatando a uma vaga de cozinheiro. E cursos muito antigos também podem não ser úteis, a não ser que o conteúdo deles não tenha sofrido muitas atualizações e continue sendo atualmente relevante para a sua área profissional.

Incluir frases prontas e elogios a si mesmo

“Sou dinâmico e criativo.” Se você fosse um diretor com a responsabilidade de contratar alguém para assumir um papel de importância vital em sua equipe, uma frase como esta no currículo faria realmente alguma diferença na hora de decidir ou não pela contratação dessa pessoa?

Esta é uma típica frase pronta e, ao mesmo tempo, um elogio da pessoa para si mesma. Profissionais de recrutamento e seleção já leram frases como estas em muitos outros currículos e já estão vacinados contra esse tipo de artifício. Tais frases podem até parecer bonitas e soar positivas, mas não ajudam verdadeiramente o candidato.

Em vez de ficar tentado a rechear o currículo com frases assim, o melhor mesmo é descrever suas melhores realizações profissionais, que demonstrem por si mesmas que você tem as qualidades esperadas para assumir o cargo desejado. Suas melhores ações é que devem falar por você no currículo!

Colocar o título “Curriculum Vitae” ou assinar o currículo

Quase ninguém mais intitula o currículo com “Curriculum Vitae” hoje em dia, mas não custa avisar: isso não se faz mais há muito tempo. Se você fizer dessa maneira, poderá passar a impressão ao selecionador de um profissional desatualizado, fora de sintonia com as práticas atuais. Coloque como título seu próprio nome, em fonte destacada, mas menor que a fonte do objetivo. E não assine.

Até o próximo artigo!

Este artigo é parte integrante do novo Manual da Recolocação Profissional, produzido pela Curriculum.com.br.
Novos artigos são publicados toda semana, até que o conteúdo integral do Manual esteja inteiramente publicado.

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