Assim como seu currículo tem pouco tempo para ser lido e despertar o interesse dos selecionadores, algumas vezes você vai se encontrar numa situação em que terá pouco tempo para explicar a alguém quem você é, o que você faz de melhor profissionalmente e quais as suas principais forças. Porém, dominar a arte de passar uma boa imagem pessoal nessas primeiras apresentações é fundamental para se conseguir uma recolocação mais rapidamente, tanto em situações de entrevistas quanto na apresentação a novos contatos da rede de relacionamentos. Comunicar sua utilidade para as empresas de uma maneira clara e fácil de entender facilitará seu caminho em busca de oportunidades.

Um exemplo clássico para o caso de um profissional de nível gerencial: você entra no elevador com um diretor de uma empresa e tem até, no máximo, o décimo andar para convencê-lo de que vale a pena continuar conversando com você. Como se preparar para essa situação?

Em artigo anterior aqui no Manual, você já pode encontrar várias orientações sobre o que dizer sobre seu perfil profissional. Se você ainda não leu, leia o quanto antes. É indispensável ter consciência sobre o conteúdo que você pode comunicar sobre você mesmo. Esse conteúdo pode ser utilizado em currículos, cartas de apresentação e na sua autoapresentação pessoal ao fazer novos contatos ou participar de uma entrevista. Daí por diante, é necessário selecionar e fixar mentalmente os pontos mais importantes que você deve comentar.

Que tipo de assunto selecionar

A situação da apresentação ocorre quando a pessoa com quem você vai conversar ainda não sabe nada ou quase nada sobre você. Portanto, ao selecionar as informações que você vai incluir na autoapresentação, tenha em mente que você deve se apresentar da mesma maneira que alguém apresentaria um novo produto às pessoas: este produto tem um nome, ele é útil para determinadas tarefas em alguma área específica e oferece determinados resultados.

Em sua autoapresentação básica, você deve aprender a contar uma boa e envolvente história sobre você, e a sua história deve conter fatos que ajudem a responder perguntas como estas:

  • Quem você é?
  • O que você faz de melhor em sua área de atuação?
  • Por que é uma boa ideia contratar você na área em que atua?

Para a primeira pergunta, a resposta é simples: é o seu nome e o principal cargo (ou nível e área) em que você tem desenvolvido sua carreira em suas mais recentes experiências. Enfoque o assunto sempre em harmonia com seus atuais objetivos profissionais. Se você está mudando de carreira, talvez tenha que adaptar esse foco para os elementos que reforcem sua qualificação para a nova área: uma formação em andamento, qualificações que você tem adquirido recentemente, etc.

A segunda resposta é uma expansão da primeira. É interessante falar sobre, por exemplo, objetivos e resultados que você geralmente atinge ou já atingiu em sua área e que sejam, preferencialmente, resultados relevantes para os cargos em que você deseja ser contratado. Novamente, se você ainda não tem resultados na área pretendida, fale sobre como tem se preparado para atingir os resultados esperados.

A terceira resposta depende um pouco da segunda, e um pouco do contexto em que você está falando. Se está falando com um contratante, por exemplo, procure mencionar áreas e atividades em que você possa ser especialmente útil para a empresa em questão. Se está falando com um novo contato, seja mais genérico, enfatizando suas principais utilidades para organizações em geral.

Note: não “peça emprego” em sua autoapresentação. Ela já mostrará por si mesma que você é um bom profissional disponível para oportunidades com o seu perfil.

Quanto tempo devo usar para me apresentar?

Você deve pensar em mais de uma versão para sua autoapresentação. Por exemplo, três versões são bastante previsíveis:

  • Para entrevistas: é aquilo que você vai dizer quando o entrevistador disser “fale-me sobre você”, e você terá alguns minutos para falar (no mínimo dois, na média, cinco, no máximo dez);
  • Para “pessoas ocupadas”: para pessoas com poder de contratá-lo e muito pouco tempo para ouvi-lo, em situações que exijam que você dê uma ideia clara e exata sobre suas principais qualidades em no máximo um minuto, ou até um pouco menos;
  • Para novo contatos: pode ser uma versão mais flexível, mas de até dois minutos, para situações em que você está trabalhando seu networking e tem um pouco mais de tempo que a situação anterior:

Conteúdos selecionados para cada versão

Nas duas últimas versões, você pode se concentrar somente nas respostas às três perguntas que fizemos no começo desse artigo. Elas são suficientes para você falar por um ou dois minutos. Mas como fica nas entrevistas?

Nas entrevistas, ao ouvir a frase “fale-me sobre você”, a grande vantagem é que você já tem total licença do entrevistador e oportunidade para falar, o que nem sempre acontece de maneira clara nas outras situações. Procure entender se o contexto destas situações e os sinais no interlocutor estão estabelecendo essa licença. Evite forçar situações: quanto mais sua apresentação soar natural, melhor.

A versão para entrevistas vai além das três perguntas. Além delas, você pode fazer um resumo sobre seu perfil e sua trajetória profissional. Se você já leu o artigo que mencionamos no começo desse post e preparou o conteúdo para falar sobre si mesmo, já deve ter relembrado quantas coisas boas já fez em sua carreira. É a hora de ordená-las e associá-las aos fatos em sua cronologia de carreira e buscar contar sua história de uma maneira envolvente.

E como contar essa história?

A história que responde às três perguntas mencionadas linhas atrás serve como um resumo rápido sobre o seu atual perfil. Após este resumo, você pode comentar como iniciou sua carreira, como foi evoluindo ao longo dela, mostre desafios cada vez maiores que você foi superando ao longo de sua cronologia profissional. Procure estabelecer esse movimento crescente ao longo da história: os desafios de carreira foram se diversificando e se tornando mais complexos, como você aprendeu a superar cada um deles.

Mas atenção: faça um resumo rápido dos eventos mais antigos e reserve mais tempo para deter-se, mais ao final, nos desafios e conquistas mais recentes ou que sejam mais relacionados com os seus atuais objetivos profissionais.

Brilho nos olhos é fundamental

Ao contar sua história, você deve se imbuir de orgulho sobre suas conquistas e realizações e mostrar entusiasmo. Entrevistadores e se sentem confortáveis com candidatos que mostrem inspirações e aspirações para o trabalho.

Mas não exagere e evite autoelogios. Deixe que suas melhores realizações e conhecimentos obtidos falem por você. Nada de dizer que você é isso, que é aquilo, que é “líder”, que é “dinâmico” ou “criativo”. Em vez disso, fale sobre o que você faz e deixe que suas realizações digam por você, de maneira mais concreta, por exemplo, que já liderou pessoas, ou que obteve bons resultados de trabalho mesmo em meio a mudanças, ou que criou determinadas soluções que ninguém ainda havia pensado ou conseguido implantar.

Após estes exemplos, um alerta: fale sempre sobre o que você realmente fez! Jamais minta, nem invente. Entrevistadores experientes geralmente sabem detectar mentiras e exageros.

Mas então devo decorar tudo?

Não! Mas deve treinar, sim, até que sua apresentação soe natural. É diferente de decorar, em que a pessoa que decorou pode acabar parecendo um robô que se pôs a narrar uma história. Ou, se a pessoa é interrompida ou questionada no meio da apresentação, corre o risco de não conseguir retomar o que foi meramente decorado, e certamente poderá se atrapalhar em situações ou perguntas inesperadas.

Preciso escrever a autoapresentação?

Sim! Mas pense no texto como um roteiro, um caminho que a sua apresentação vai percorrer sobre os pontos mais interessantes da sua trajetória e os assuntos em que você mais vai se deter.

E depois deixe que pessoas em quem você confia leiam sua autoapresentação. Fique aberto a críticas e sugestões. Às vezes você talvez esteja exagerando em algum ponto, às vezes você talvez esteja omitindo coisas importantes. A ajuda de familiares, amigos e colegas mais próximos pode ser muito útil neste momento.

Treine

Não decore textos para falar: treine sempre improvisando, tomando o texto como um roteiro, com pontos importantes a percorrer, e não como trilhos de um trem que, sem eles, descarrila! Treine no espelho, inclusive, até tudo parecer soar muito natural e sem tropeços. Pense que você está conversando com uma pessoa amigável e transmita as ideias com serenidade. Evite gesticular demais, mas também não vá fazer parecer que seu corpo está engessado na cadeira! O gestual deve transmitir confiança e apenas apoiar a exposição. Os gestos não podem chamar mais atenção do que aquilo que você diz e jamais devem invadir o espaço do entrevistador.

E cronometre o tempo que você leva para se apresentar em suas versões de autoapresentação. É importante respeitar o tempo das pessoas com quem você vai falar. Apresentações rápidas demais, de apenas segundos, podem acabar sendo consideradas irrelevantes, enquanto apresentações longas demais poderão se tornar desinteressantes para quem está ouvindo. Nunca fale rápido demais para fazer seu discurso “caber” no tempo. Busque um ritmo natural, fácil de entender.

Lembre-se: você só tem uma única oportunidade de transmitir uma primeira boa impressão. Trabalhe nisso.

Até o próximo artigo!

Este artigo é parte integrante do novo Manual da Recolocação Profissional, produzido pela Curriculum.com.br.
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