Trabalhadores autônomos que querem usufruir de uma estrutura de trabalho sem precisar comprar ou mobiliar um escritório podem optar por espaços compartilhados, em Goiânia. Algumas empresas oferecem salas conhecidas como coworking, que são escritórios com mesas grandes, divididas em estações de trabalho, onde diferentes profissionais convivem e trabalham juntos.

A empresária Estela Mares Ribeiro Pires é dona de um espaço como este em Goiânia. Ela explicou ao G1 que identificou, há cerca de quatro anos, uma necessidade de se criar um local já mobiliado, com aluguel cobrado por hora e serviços de secretariado, correspondência, copa e limpeza para profissionais autônomos e empresários da capital.

“Eu mesma trabalhava como consultoria administrativa, mas não tinha um escritório, era só eu como profissional mesmo. Eu não precisava de um escritório todos os dias porque podia fazer algumas coisas de casa, mas eu sentia falta de um espaço onde encontrar os clientes, um endereço fixo para o meu negócio, mas comprar ou alugar um escritório só para isso era inviável. Fiz uma pesquisa de mercado e percebi que não estava sozinha”, relatou.

Depois de passar pelas dificuldades, ela montou a empresa que oferece esses serviços. Assim como seus clientes, ela afirma que também usa as salas de acordo com a demanda e não tem escritório fixo.

“Não estou sempre em uma sala daqui, às vezes não é necessário. Outras vezes preciso usar a sala de reunião do espaço, que também é alugada por hora e é equipada com quadro e tela para apresentação de slides, por exemplo”, esclareceu.

Estela explica que, para espaços como esses que serão alugados e usados por pessoas diferentes, é importante oferecer opções diferentes, com estilo, mas mais neutras, para agradar a maioria. O tamanho e as funções das salas também podem variar.

No local há salas equipadas com poltronas para sessões de coaching, enquanto outras, um pouco menos espaçosas, oferecem o básico de mesa e cadeiras. Outras locais maiores têm mesa para pequenas reuniões ou aplicação de testes, além do espaço de escritório básico.

A advogada e empreendedora Anauara Maia Carrijo Viana, de 27 anos, contou que sempre quis ter um escritório que fosse só seu, mas ao descobrir o conceito dos espaços compartilhados achou a ideia mais econômica e inteligente.

“A gente acha que ter o próprio escritório é sinônimo de sucesso na carreira, mas isso não é verdade, é mais um apego mesmo de ter o seu espaço. Pensando bem, o que eu ia gastar comprando o local, mobiliando, toda a estrutura e serviço de secretaria eu invisto em conhecimento que vai agregar para mim e para a minha empresa. Assim, tenho retorno maior e ter um espaço físico só meu não é necessário”, afirmou.

Anauara ressalta que o conceito dos espaços compartilhados ainda é pouco conhecido e pouco compreendido em Goiânia. “As pessoas precisam desmistificar o conceito de que o grande e pomposo é melhor. O simples tem resultados altos e é cada vez melhor optar pelo que é prático e sustentável. Especialmente em momentos como esse de crise”, concluiu.

Coworking
O empresário Jeferson Sena é usuário assíduo de um espaço de coworking em Goiânia. Ele relata que sua empresa, que oferece consultoria em inovação, não exige uma estrutura física grande e privada, mas ele também sentia dificuldade para se concentrar fazendo tudo de casa.

“Eu sou muito indisciplinado para trabalhar em casa, precisava de local de trabalho. Alugar sala e estruturar escritório fica muito caro. O custo é mais baixo do que ter escritório próprio e não tenho que me preocupar com nada de manutenção do espaço. Levo só meu computador e já tem todo o resto lá. Além disso, quando recebo meus clientes, tenho o valor agregado da recepção, serviço de copa, posso alugar a sala de reunião se for necessário. É mais cômodo”, contou.

Ainda segundo o empresário, o ambiente do coworking é muito propício para expandir o networking. Ele recorda que já contratou outras empresas que trabalham no mesmo local e também já prestou serviço para colegas com quem divide o espaço.

“Já fiz negócios internamente com uma empresa de tecnologia, que é nossa cliente, e já teve o contrário, empresas que prestaram serviço para mim que conheci porque trabalho na sala de coworking”, lembrou.

A empresária Eurípedes Rossi Camilo criou um dos espaços de coworking mais antigos da capital. Ela afirma que o espaço atende profissionais de diversos tipos, entre eles freelancers, empreendedores, pessoas que estão montando startups, profissionais de tecnologia da informação, advogados, música, marketing e administração.

“A sala tem uma mesa grande com varias estações de trabalho, mas sem separação até para proporcionar networking. Hoje temos 12 locais no espaço. Algumas pessoas ficam full time, outras não. Acredito que é um movimento que representa redução do custo, simplificando as operações para que os profissionais possam focar no seu trabalho e não se preocupar em administrar estrutura”, comentou.

A também empresária Roberta Pacheco é dona de outro espaço de salas compartilhadas e lembra que grandes empresas com sedes em outros estados também procuram salas prontas para evitar gastos excessivos com estrutura.

“Um segundo perfil é de quem precisa de escritório pronto mobiliado porque está aqui para fazer atendimento treinar uma equipe comercial. Esses espaços atendem a essas situações.  Empresas de São Paulo, por exemplo, que querem abrir uma filial aqui e ainda não tem o espaço, então locam sala pronta com os moveis para reduzir os custos”, afirmou.

Fonte: G1