Todo mundo já deixou um trabalho complicado para depois, mas tudo tem limite; veja o que identifica um profissional viciado em atraso

Por Claudia Gasparini

Adiar é humano. Contrariando a exigência universal do mercado de trabalho por produtividade, protelamos tarefas e decisões, em busca de uma sensação ilusória de segurança.

“O procrastinador típico recua diante do que é complexo, intrincado, longo ou simplesmente desinteressante para ele”, afirma Christian Barbosa, especialista em administração do tempo.

De acordo com Andrea Piscitelli, consultora e professora dos MBAs da FIA e da FAAP, os pretextos para a fuga são diversos. No entanto, normalmente recaem sobre uma suposta falta de tempo do profissional ou falta de receptividade dos outros.

Ela explica que o profissional se sente emocionalmente recompensado ao culpar a realidade externa e descartar sua própria participação num problema que não se resolve.

Mas o preço a ser pago por essa atitude é bastante alto. Segundo Christian Barbosa, os malefícios da procrastinação excessiva vão desde prejuízos à imagem profissional até problemas de saúde trazidos pelo estresse, como dores e aumento de peso.

Isso porque a sensação de alívio causada pelo adiamento é falsa. “Funciona como uma auto-sabotagem: o projeto, o relatório e o trabalho continuam lá, esperando a resolução e a entrega”, diz Andrea Piscitelli.

O “fura-prazos”

A professora lembra que, à medida que alguém deixa sistematicamente de respeitar datas de entregas, sua imagem começa a ser associada à daquele que sempre fura os prazos.

“Isso pode trazer consequências tanto para os indicadores da sua área, como para a decisão de manter ou não a pessoa na empresa”, afirma.

E ainda não acabaram as más notícias para os procrastinadores. Segundo Andrea, a competência de planejar a longo prazo e antever soluções é vista como fundamental pelos empregadores.

“O mercado quer profissionais que pensem mais nos resultados e menos nas pendências, mais nas soluções e menos nas justificativas”, diz a professora.

As máximas

Com a ajuda dos dois especialistas, EXAME.com listou alguns “lemas” típicos de um procrastinador. Se você se identifica com algum (ou alguns!) deles, talvez seja hora de reavaliar sua postura:

“Não estou num bom dia hoje.”

“Não mereco me sacrificar tanto.”

“Meus problemas pessoais não me permitem pensar em trabalho hoje.”

“Este prazo é simplesmente inviável.”

“Sou muito perfeccionista e ainda não estou satisfeito com o resultado.”

“Estou esperando meu chefe validar o material que enviei e ele está fora.”

“Sou interrompido o tempo todo por ligações, emails e reuniões.”

“É difícil se concentrar aqui no escritório com todas essas baias abertas…se eu tivesse uma sala própria, já teria terminado.”

“Não adianta fazer entregas sob pressão, preciso de tempo para trabalhar com qualidade.”

“Sumiu o email que falava sobre essa tarefa; deve ser algum problema técnico com o meu provedor.”

Fonte: Exame.com