A ansiedade por conseguir um emprego novo leva muitos profissionais a não se preocupar, de imediato, com as chances de desenvolvimento de carreira oferecidas pelo empregador. Só que mais tarde é essa falta de perspectiva de crescimento que pode empurrá-los de volta para o mercado em busca de novos desafios.

Pesquisa Evolution of Work feita pela ADP em 13 países, entre eles o Brasil, confirma que profissionais brasileiros olham para fora de suas empresas quando o desejo de crescer na carreira é premente: 51% dos entrevistados, por exemplo, acreditam que deveriam deixar seus empregos para ganharem mais.

O estudo mostra que só 24% dos funcionários permanecem na mesma companhia por três anos ou mais. Foram mais de 400 entrevistados no Brasil, entre profissionais e empregadores.

Os RHs estão de mãos atadas quando o assunto é retenção de talentos porque não têm dinheiro para isso? Não engula fácil esse argumento de que o seu reconhecimento na empresa não vem porque a situação econômica do país não deixa.

“É fácil colocar a culpa na crise, mas tem muita coisa que é possível fazer para reconhecer os funcionários sem gastar dinheiro”, diz Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina.

Na ADP, a executiva conseguiu salto de 47% a 72% no engajamento dos funcionários, em seis anos, e atribui a mudança positiva a ações que não demandam mais dinheiro. “Meu orçamento é modesto, a empresa não me dá milhões para eu gaste onde quiser. Mas tenho equipe criativa que tem feito coisas diferentes”, diz Mariane.

Ela cita o programa de recrutamento interno como uma forma eficiente de mostrar ao funcionário que ele é valorizado e que há, sim, perspectivas na empresa.

“As demissões são fato, mas as empresas não estão paralisadas. O que acontece é que é mais fácil buscar pessoas no mercado porque você já traz com todas as competências”, diz a executiva.

Por outro lado, para promover movimentações internas de funcionários é preciso treinar e apoiá-los o que é mais trabalhoso. “Mas, em longo prazo melhora o engajamento”, afirma.

Mariane diz que na ADP 50% das vagas ela fecha fazendo recrutamento interno. “Eu sempre abro as oportunidades internamente primeiro, só vou ao mercado se não encontrar”, diz.

Segurança profissional não existe mais

A volatilidade do mercado também aparece na pesquisa: 66% dos entrevistados acreditam que, “nos dias de hoje, não existe o conceito de segurança profissional.

Entre os principais aspectos que podem desestabilizar a vida profissional dos brasileiros, estão o contexto político (63%), as mudanças governamentais (58%) e a economia local (45%). “Esses empregados entendem que que não têm segurança e se sentem mais à vontade para procurar emprego e se arriscar mais”, diz Mariane.

Fonte: EXAME.com