Não deve ser preciso escolher entre pagar as contas e fazer o que se ama

Andrea Deis

Como estamos posicionando nossa trajetória profissional? Este ou aquele é o melhor caminho?

É o que mais se pergunta hoje e se espera uma resposta rápida e precisa. O melhor seria questionar, o que realmente tenho vocação e me traz prazer no dia a dia.

Foi a mudança nos valores das gerações de época em época, onde cada qual deixou seu valor agregado, sua contribuição para a humanidade e seu desenvolvimento.

Tempos atrás, o emprego bom era aquele que perdurava pelo maior tempo possível, com um salário que suprisse minhas necessidades básicas e a maior “segurança” possível (CLT). Uma empresa e/ou indústria tradicional era o sonho de consumo e, quem sabe, um carro como benefício.

Com a mudança dos preceitos de vida da geração atual na era da informação, muda-se também a maneira de enxergar o emprego. Antes o que era segurança hoje é bem-estar.

Não basta um bom emprego com salário e benefícios, tem que me proporcionar prazer e reconhecimento.

Antes os “workaholics” eram vistos com bons olhos, hoje, em muitos casos são vistos como ineficientes.

Buscar um “emprego”, a curto prazo pode resolver um desafio, mas a médio e longo prazo não agrega valor para o profissional.

O emprego, agente “meio”, é aquele que paga as contas do dia a dia, que nem sempre tem a ver com a vocação, enquanto o trabalho está de olho na carreira, ele transcende a sobrevivência, é realizado com amor, com uma visão de legado, de referência, de futuro.

O emprego é considerado muitas vezes uma âncora para o hoje, mas está longe de ser a garantia do amanhã, porque por muitas vezes tolhi o próprio desenvolvimento.

Existe uma pesquisa realizada pelo professor Mark Albion, divulgada no livro Making a Life, Making a Living (Warner Business Books), que ilustra a importância do respeito à vocação e aos valores nas escolhas que uma pessoa faz ao longo da carreira.

Nela, 1.500 profissionais que haviam concluído o Master in Business Administration (MBA), vinte anos antes, nas melhores escolas americanas, relataram as prioridades em suas escolhas profissionais: 83 % optaram pelo emprego em função do salário. Os 17% restantes optaram por aquilo que mais lhes dava prazer, independentemente da vida financeira.

Vinte anos depois, Albion foi verificar como estava a carreira desses profissionais. Dos 1.500 entrevistados, 101 tornaram-se milionários. Desses, apenas 1 pertencia ao grupo que fez sua escolha orientada pelo dinheiro, todos os demais viraram milionários trabalhando no que gostavam.

O mais importante no meu ponto de vista é o amor. Cumprir tarefas qualquer um cumpre. Criar, desenvolver, inovar, reinventar, só os apaixonados, aqueles que enxergam além das obrigações diárias, que conseguem prever os riscos e superar os obstáculos. Este, hoje é o profissional desejado pelas empresas. Aquele que tem a competência técnica e consegue enxergar os pontos cegos que os outros não percebem.

Conseguir atuar na sua área de vocação é trabalhar com o seu “dom” natural, seu esforço será bem menor comparado com o que teve que desenvolver o talento. O talento nato reflete a paixão pelo resultado, enquanto cumprir metas traz salário no final do mês.

A recompensa financeira chega naturalmente, pois a entrega é garantida.

Portanto fica aqui uma breve reflexão: Quais são os resultados que tenho conquistado nos últimos anos? Me satisfaz por completo? Sou reconhecido? É gratificante? Faço com prazer?

Se você tem dúvida sobre uma das perguntas, talvez seja melhor refletir se tem trabalhado ou está em emprego? A vida é feita de escolhas, e colhemos o que plantamos.

* Andrea Deis é master coach especializada em gestão empresarial.

Fonte: Administradores