Atrair e reter talentos nos países dos Brics exige que as empresas ajustem suas políticas de atração e retenção de profissionais às diferenças culturais e do mercado de trabalho de cada local. No Brasil, por exemplo, as pessoas valorizam trabalhos em que seus colegas são inspiradores, motivados, amigáveis e sociáveis. A conclusão é do estudo Differentiating for success: Securing top talent in the Brics, da multinacional de auditoria e consultoria EY (antiga Ernst & Young), que mostra como saber identificar as diferentes realidades é importante para manter a competitividade das companhias nos mercados emergentes.

Segundo a análise, os brasileiros buscam um ambiente de trabalho de baixo stress, confortável e com energia positiva. Além disso, planos de carreira claros, incluindo o potencial de ganhos futuros, são ofertas atraentes especialmente no Brasil e na Índia.

Oliver Kamakura, diretor de Capital Humano da EY, explica que para os indianos a capacidade de desenvolver tecnicamente sua equipe de trabalho é fator determinante para manter os profissionais nas empresas. “No Brasil, esse aspecto tem um peso menor do que ter um ambiente de trabalho informal, mais aberto, em que os profissionais se sintam parte de uma equipe”, afirma.

De acordo com o especialista da EY, os brasileiros estão valorizando cada vez mais aspectos intangíveis da relação de trabalho. “Não importa apenas a questão de remuneração em si, mas sentir-se inserido em um ambiente organizacional que tenha uma proposta maior e engajamento em questões de responsabilidade social e diversidade”, destaca Kamakura.

Foram entrevistadas mais de mil pessoas, sendo 270 brasileiros das áreas de Gestão, Engenharia e TI. São 74% homens e 26% mulheres, com idade média de 30 anos.

O estudo destaca ainda que, no Brasil, é importante manter os recursos adequados (incluindo o tempo) para permitir aos trabalhadores atender às demandas de suas funções. Os mais modernos e atraentes ambientes de trabalho brasileiros são bem desenhados, fornecem conforto ergonômico, o uso de tecnologia de ponta, tem melhor iluminação e espaços físicos que promovem a colaboração.

Custo do trabalho
De acordo com o estudo da EY, o custo da mão de obra representa um grande impacto na rentabilidade de empresas da África do Sul, Brasil, Índia, Rússia e China. No Brasil e na África do Sul, a inflação da mão de obra é o mais significativo fator na pressão dos custos das empresas, superando fatores como erosão de preços e regulação. Já para a Rússia, esse é o segundo principal motivo, enquanto para os executivos da Índia e China, a mão de obra foi considerada a terceira razão de pressão dos custos.

O custo da mão de obra no Brasil teve uma curva ascendente devido a vários fatores, dentre eles a escassez de talentos, especialmente para as áreas de mineração e petróleo. O déficit ocorre por consequência do crescimento econômico acelerado dos últimos anos, da demanda criada pelo pré-sal e do déficit educacional, sobretudo em carreiras técnicas.

“As empresas de economias de rápido crescimento estão observando uma mudança drástica de cenário nos últimos anos. Assim, a retenção, o desenvolvimento e formação, e a alocação correta de talentos passam a serem prioridades na estratégia de crescimento das companhias”, explica Kamakura.

Fonte: Maxpress