Nos processos seletivos de emprego, é natural que os candidatos se preparem para responder a perguntas clássicas durante a entrevista. Mas o que fazer quando o selecionador utiliza questões esquisitas e fora de contexto como, por exemplo, “quão sortudo você é e por quê?”

A consultora de RH da Luandre Juliana Araújo explica que, para evitar respostas parecidas e escapar da mesmice, alguns recrutadores reinventaram um roteiro de perguntas inusitadas e indecifráveis para que a espontaneidade e a criatividade do candidato surjam com mais particularidade.

“Essas perguntas permitem identificar com mais propriedade os talentos que possuem uma visão mais empreendedora, inovadora, flexível, movidos por desafios, criativos, que tenham mentes abertas e transformadoras.”

A estratégia do entrevistador, neste caso, consiste em colocar o candidato numa situação de pressão e, com isso, avaliar a sua habilidade em responder um questionamento improvável e a pensar e agir “fora da caixa”.

“Não há respostas certas nem erradas. Tudo vai depender do tipo de perfil que a empresa busca para ocupar uma determinada vaga e para integrar a uma equipe.”

Esse tipo de roteiro, segundo Juliana, é bem mais disseminado em empresas jovens e dinâmicas como start-ups, e-commerces e empresas de tecnologia, mas grandes companhias também trazem em seu repertório perguntas desta nova modalidade.

Mesmo não havendo uma resposta correta, o entrevistador pode interpretar a explicação do candidato como positiva ou negativa. Diante de perguntas relacionadas à crença como “você acredita no Pé Grande?”, o headhunter do site Recrutando.com Luiz Pagnez diz que o melhor é fornecer respostas neutras.

“Pode dizer que até o momento não tem conhecimento de nenhuma prova científica da existência ou não do Pé Grande”, diz. Neste caso, segundo o especialista, um exemplo de resposta negativa seria: “Não acredito e acho uma grande besteira”.

Estratégia também serve para ‘quebrar o gelo’

De acordo com a gerente de orientação de carreira da Cia de Talentos Bruna Tokunaga Dias, o grande objetivo do recrutador, durante a entrevista, é conhecer o candidato.

Assim, ele poderá fazer perguntas para descontrair, descobrir pontos de vista, saber sobre suas crenças, valores, gostos e ideias que não estejam relacionadas às situações do trabalho.

“Nos EUA é proibido fazer perguntas sobre a vida pessoal. Por isso, algumas questões podem servir como forma de ‘quebrar o gelo’. Um comportamento extremamente formal pode ser tão desconcertante quanto uma pergunta sem resposta como ‘quantas bolas de basquete cabem nesta sala? ‘”, diz Bruna.

A especialista ressalta que para tais perguntas não existe resposta pronta. Segundo ela, neste tipo de questionamento, é possível que o entrevistador queira saber de que forma o candidato consegue analisar a situação, como ele constrói o raciocínio para a resposta e se tem jogo de cintura para lidar com diferentes abordagens.

A gerente sugere que o candidato tente se colocar no lugar do selecionador, caso seja surpreendido por uma situação diferente em uma entrevista. “Seja espontâneo e procure pensar com a cabeça do entrevistador.”

Fonte: UOL