Surpreendente foi o impacto da medida no desempenho da empresa. No total, 13 mil pessoas aderiram às aulas de ioga ou meditação na empresa de Bertolini. O nível de estresse dessa turma diminuiu 28%.

Mark Bertolini é um CEO peculiar. Aos 58 anos, e no comando da seguradora de saúde Aetna, uma das cem maiores empresas dos Estados Unidos, ele não tem o hábito de usar gravatas. No lugar do acessório, exibe um amuleto de metal grafado com a palavra, em sânscrito, “soham”. O termo – também tatuado em suas costas – significa “eu sou isso”. Segundo o executivo, a repetição mental desse mantra o ajuda a controlar a respiração durante a prática de meditação e simboliza uma “conexão divina” com o universo. (Não se subestime. Você entendeu o sentido da coisa.)

A relação entre Bertolini e o “eu sou isso” teve origem em um acidente, sofrido em 2004. Ele caiu enquanto esquiava, fraturou cinco vértebras do pescoço e rompeu a ligação dos nervos entre o braço esquerdo e a medula espinhal. Passou por cinco cirurgias e sentia dor o tempo todo. Para amenizá-la, tomou remédios, mas também recorreu a tratamentos alternativos, incluindo a ioga e a meditação. A dor não passou. Mas a sua maneira de lidar com ela mudou. A meditação o ajudou a atenuar a sensação de desespero que as lesões despertavam. É isso o que o executivo relata ao repórter David Gelles, do New York Times, autor do recém-lançado livro Mindful Work: How Meditation Is Changing Business from the Inside Out (“Trabalho consciente: como a meditação está mudando os negócios de dentro para fora”), ainda sem tradução no Brasil.

Mindful Work (Foto: Divulgação)
Bertolini resolveu compartilhar as práticas com os colegas de trabalho. Disponibilizou, na empresa, aulas de ioga e meditação para os funcionários e clientes. Dos 50 mil empregados, mais de 13 mil participaram das atividades – e muitos reconheceram os benefícios gerados por elas. De acordo com pesquisas médicas da companhia, houve uma diminuição de 28% no nível de estresse dos trabalhadores que aderiram à meditação ou à ioga. Essa turma também notou uma melhora na qualidade do sono (20%) e as queixas por dores em geral também caíram. Por meio de um questionário que avalia a habilidade das pessoas em permanecer concentradas em uma tarefa, foi constatado um ganho de 62 minutos por semana na produtividade. E isso por pessoa. Segundo a empresa, esse tempo adicional representou uma economia de US$ 3 mil por funcionário ao ano.

A empresa também teve seus ganhos. Em 2012, as despesas com tratamentos médicos diminuíram 7,3% por trabalhador. Esse montante resultou em uma economia de US$ 9 milhões. Nem todo esse valor, no entanto, está relacionado somente ao mantra de Bertolini. Além da ioga e da meditação, outras iniciativas, como um programa de perda de peso, também foram adotadas pela Aetna. Quando se busca o nirvana corporativo, é fundamental pensar em tudo.

Por Ariane Abdallah / Fonte: Época Negócios