Consultor em RH destaca perfis prejudiciais para funcionários e empresa. “Fiquei destruído”, conta gerente de banco quando foi exposto pelo chefe.

Uma palavra dita na hora errada, na frente a toda a equipe, cobranças até de madrugada, resultados nunca satisfatórios, enfim, situações de estresse que acabam em desmotivação, fazem a pessoa chorar de raiva e até pedir demissão. Para o consultor em recursos humanos de Campinas (SP) e região Josué Bressane Júnior, líderes que praticam essas ações podem ser definidos como “tóxicos” e há cinco tipos deles espalhados pelo universo corporativo.

Esses chefes contagiam negativamente quem está em volta, podem traumatizar o empregado e comprometer os resultados da empresa. São capazes de desestabilizar uma equipe, aumentando a rotatividade de funcionários, e, cedo ou tarde, acabam sendo desligados ou transferidos da companhia, segundo o especialista.

“O mais importante é responder a seguinte pergunta: Você gosta de gente? Gosta de liderar pessoas? Se você não gosta, não tem que ser um gestor”, afirma Bressane. Confira exemplos e dicas nos vídeos ao longo da reportagem.

Pressão fez gerente chorar

Aos 39 anos de idade, e 10 como gerente de banco em Campinas, Paulo Guedes já passou por diversas situações que o fizeram mudar a forma de encarar os chefes. Ele define como a mais marcante quando foi exposto pelo líder diante dos colegas sob forte pressão.

“Adulto, casado, com filho em casa e um chefe me fazer chorar… Fui exposto ao ridículo”, lembra.

As posturas inadequadas para os gestores acontecem, na maioria, com líderes homens, segundo Bressane. Para buscar novas formas de gestão, o setor de recursos humanos da empresa pode ajudar com trabalho de feedback e consultoria.

“Talvez a grande causa seja a falta de preparação dessas pessoas para assumir posições de liderança num curto prazo”, afirma.

1º tipo: Chefe pit bull

Líderes com esse perfil têm o hábito de intimidar e humilhar publicamente a equipe, segundo Bressane, e os colaboradores têm dificuldade de se aproximar do gestor. Foi um desses que protagonizou o trauma vivido pelo gerente de Campinas.

“É um tipo bastante comum nas organizações. É quase um bullying o que essa pessoa sofre dentro da organização”, afirma o consultor.

2º tipo: Chefe detalhista

Bressane destaca o chefe extremamente detalhista, que cobra resultados iguais aos que ele faria. Ele acaba rejeitando o trabalho feito pelos funcionários porque, afinal, cada um tem um jeito de fazer o que foi pedido.

“Ele pede para alguém fazer alguma coisa. (…) Ele recebe aquele material todo e não era a forma como ele exatamente o faria”, explica.

O gerente Guedes também enfrentou um gestor com esse perfil ao longo da carreira. Entre os problemas, para ele, está a falta de reconhecimento pela experiência do colaborador.

“Tem que seguir a cartilha. ‘Esquece tudo isso porque eu tenho experiência’. Ah, mas e se eu… ‘Não, isso você guarda pra você'”, exemplifica o gerente.

3º tipo: Chefe dos números

O chefe dos números é aquele mais preocupado com análise de números do que com pessoas, segundo o consultor. Eles se fecham em salas, pedem relatórios, solicitam mudanças, mas não costumam explicar para o colaborador o objetivo de tantos levantamentos.

“Ele se esquece de dividir com as pessoas que prepararam aqueles números qual análise foi feita e como ela foi feita”, alerta.

4º tipo: Chefe de divisão

Um gestor com esse perfil tem preferências declaradas na equipe, seja para chamar para almoçar junto ou dar uma promoção. Para o consultor em RH, os demais colaboradores podem se sentir excluídos.

“Todo gestor, naturalmente, numa equipe tem mais ou menos afinidade com algum tipo de subordinado, é natural. O que ele não pode é criar formas de discriminação”, explica o especialista.

5º tipo: Chefe viciado por trabalho

Esse é o líder “workaholic”, que não desliga nunca e espera que seus subordinados não desliguem também. É o mais comum atualmente, segundo Bressane.

Ele não só faz cobranças fora do horário de expediente, como espera que o funcionário o responda na hora e, se isso não acontecer, cobra no dia seguinte.

“Ele tem por crença e por característica achar que trabalhar fora do horário de trabalho é o que determina o bom do mau empregado”, afirma.

Por Patrícia Teixeira / Fonte: G1 Campinas e Região