Alternativa é mudar a postura e também ir em busca de resposta junto ao empregador

O Jornal do Comércio (JCRS) publicou uma matéria sobre a pesquisa realizada pela Curriculum, um dos maiores sites de emprego da América Latina, que mostra que 91% dos profissionais brasileiros não recebem feedback em processos seletivos.

Confira abaixo a reportagem completa que traz alguns comentários do presidente da empresa, Marcelo Abrileri.

Por Leonardo Pujol

Aumentou para 91% o número de pessoas que não recebem qualquer tipo de resposta sobre sua participação em uma entrevista de emprego. A informação é da Curriculum, um dos principais portais de recrutamento do País, que avaliou o ambiente do mercado de trabalho no ano passado com mais de 9 mil pessoas. A alta é de oito pontos percentuais frente à pesquisa realizada em 2012 (9,6%), que registrava 83%. De certa forma, o dado preocupa o setor, mas não surpreende. Isso porque, embora o índice cresça a cada auditoria, as empresas fazem muito pouco para reverter o quadro. Porém, atestada a realidade dos processos seletivos, algumas dúvidas ficam: será que esse resultado tem possibilidade de reversão? Como fica a imagem da empresa para o candidato? E, afinal, como esse desfecho impacta na vida do cidadão?

Com uma taxa de desemprego que vem caindo ao longo dos anos, não é de se admirar que as companhias tenham que contratar mais trabalhadores. E, após a entrevista com os candidatos, muitas delas alegam o mesmo motivo: a ausência do feedback ocorre pela falta de tempo ou de pessoal para dar o retorno, e não por falta de vontade. “O problema é que o setor de recursos humanos (RH) normalmente tem muitas tarefas, verbas curtas e profissionais limitados”, defende Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum. Segundo o executivo, a solução seria “melhorar a postura e o respeito para quem participa dos processos” com um sistema que desse algum tipo de resposta, ainda que negativa. O mesmo pensamento é compartilhado pelo diretor de desenvolvimento e desenvolvimento humano da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Nelson Bittencourt. Para ele, os contratantes estão indo na contramão do que a pessoa espera. “Alguns empregadores têm valores e princípios expressos na parede, mas que só funcionam em parte. Parece que para o resto não interessa”, critica.

Ainda assim, a importância que se dá ao receber ou não o retorno após uma entrevista varia de pessoa para pessoa, mas, segundo o psicólogo Jair Brollo, na maioria das vezes ocorrem dois fenômenos. Primeiro, há elevação do nível de ansiedade. Posteriormente, surge a frustração. Conforme o especialista, a falta de uma resposta é desanimadora e pode ter como consequência uma queda de autoestima e de perspectiva com relação à colocação ou reinserção no mercado de trabalho. “É aí que se instaura um mundo de incertezas na vida dessas pessoas”, sustenta. Por isso, a também psicóloga e psicanalista Mariana Steiger Ungaretti diz que seria ideal os entrevistadores entrarem em contato novamente. “Por parte da empresa é até uma consideração, porque, às vezes, o erro não está no candidato e ele fantasia algo que na verdade não existe, causando danos ao seu emocional”, pondera.

O diretor de desenvolvimento da ABRH-RS classifica essa situação usando uma analogia vinda da Medicina. Bittencourt conta que já houve tempo em que a falta de retorno parecia ser um descompromisso endêmico, mas hoje mudou de opinião: acredita piamente que é uma epidemia. “É preciso tomar cuidado para que isso não se torne pandêmico, porque daí é irreversível. Vira uma característica tão comum que você passa a achar isso normal, uma natureza do mercado”, alerta. E já que as soluções estão demorando a acontecer, o jeito, segundo ele, é o candidato firmar uma espécie de contrato no final da entrevista, dizendo que ele mesmo vai retornar para saber o resultado da seleção. “O acordo agrega valor, faz diferença. Isso demonstra compromisso com você mesmo e a empresa”, explica ele.

Tecnologia atua a favor do candidato

Há 15 anos no mercado, a Curriculum lançou em seu site uma plataforma inteligente chamada MPS – Monitoramento de Processos Seletivos. A ferramenta oferece a possibilidade de o candidato acompanhar cada etapa do processo seletivo em que está participando, desde o momento em que se candidatou à vaga. Com ela é possível saber quais as probabilidades de ser chamado para uma entrevista presencial sem depender da resposta verbal da empresa contratante, uma vez que o sistema é que dá o feedback com base nas ações que a companhia realiza no site.

Entre as outras informações que a ferramenta fornece, estão: se a vaga foi fechada ou continua aberta; com quantos candidatos o profissional concorre; e qual a aderência do perfil à vaga. Segundo a Curriculum, o fato do dia a dia de quem seleciona talentos ser corrido é o que fortalece o entendimento de que o MPS é uma boa ferramenta, já que a resposta vai automaticamente ao profissional.  “Por exemplo, se o currículo do candidato for visto 20 vezes e ele não for chamado, algo está errado. E o bom é que esse sistema ajuda a melhorar o documento através do nosso monitoramento”, incentiva Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum.

Saiba como se preparar para a entrevista

A preparação para uma entrevista de emprego deve ser feita com o máximo de antecedência possível. O primeiro passo é ter certeza de que as qualificações, conhecimentos e habilidades estão em harmonia com a solicitação da vaga. Depois, é procurar saber se a missão e os valores da empresa são semelhantes aos de quem concorre à vaga. Tendo isso bem definido é manter a calma e, acima de tudo, ser honesto. A pessoa precisa ser ela mesma: não é hora de representações. Depois que o processo ocorrer, firme acordo com a empresa com perguntas do tipo “qual é o próximo passo?”, “quando posso ligar?” ou “quando vocês darão a resposta?”. (FONTE: JAIR BROLLO E NELSON BITTENCOURT)

Fonte: Jornal do Comércio  (JCRS)