Funcionários que podem escolher em qual horário e de qual local trabalhar têm sono de melhor qualidade, mostra pesquisa.

A ciência já confirmou há muito tempo que uma boa noite de sono é fundamental para um dia de trabalho mais produtivo. Estudos já divulgados mostram que o sono afeta não apenas a produtividade e o bem-estar, mas sua falta pode também pode ocasionar problemas bem mais complexos. Segundo uma pesquisa de 2012, realizada pelo Centers for Disease Control, cerca de 30% dos americanos não estão conseguindo descansar o tempo necessário. Como conseguir mudar esse cenário, sem necessariamente mudar o tempo trabalhado – algo que muitas vezes não está ao nosso alcance? A resposta é flexibilidade. Um novo estudo publicado no jornal Sleep Health e coordenado pelo professor Orfeu M. Buxton mostra de que modo a flexibilidade de horário de trabalho pode melhorar a qualidade e quantidade do sono dos funcionários.

“Na falta de sono suficiente, nós não ficamos tão alertas ou atentos como deveríamos. Processamos a informação mais devagar, perdemos ou interpretamos mal fatos do convívio emocional e social. Nossa tomada de decisões é prejudicada”, afirma Orfeu M. Buxton, professor de medicina comportamental da Universidade da Pensilvânia. “Por exemplo, nós podemos subestimar os riscos de consequências negativas e supervalorizar potenciais recompensas”.

Os pesquisadores acompanharam 474 empregados e seus supervisores. Para incentivar o equilíbrio entre vida e trabalho, os funcionários foram divididos em dois grupos. O primeiro ficaria em horários fixos e controlados. O segundo recebeu carta branca para decidir em qual horário e de qual local poderia trabalhar. Todos os funcionários utilizavam um relógio que monitorava o sono e, ao longo do estudo, foram entrevistados três vezes. Primeiro, para determinar a sua rotina. Seis meses depois, para observar variáveis relacionadas ao trabalho que precisavam ser alteradas – como estresse – e um ano mais tarde, para ver, de fato, como eles estavam dormindo.

O segundo grupo de funcionários dormiu, em média, oito minutos a mais – tendo uma hora adicional de sono a cada semana. Eles afirmaram estar mais renovados para trabalhar. “Nós mostramos que uma intervenção focada em mudar a cultura do local de trabalho poderia aumentar a quantidade de sono que os funcionários obtém diariamente, bem como a percepção de que o novo tempo de sono é mesmo o suficiente para eles”.

Um horário de trabalho mais flexível poderia ser um bom caminho para ter funcionários mais felizes, conclui o estudo. Mas flexibilidade é algo polêmico. Alguns gestores podem interpretar isso como um sinal de menor comprometimento com o trabalho, enquanto outros simplesmente sentem-se desconfortáveis com a ideia. Mas ajudar funcionários a permanecerem atentos e ativos é algo que todo mundo concorda que é necessário.