No futuro próximo, as três gerações mais estudadas irão se encontrar no ambiente de trabalho. A geração X, dos nascidos antes de 1980 e depois dos Baby Boomers; a geração Y, ou millennials, as pessoas nascidas entre 1984 e 1996; e a geração Z, aqueles que vieram depois de 1997 e os próximos a adentrar o mercado de trabalho. Como será que as empresas poderão trabalhar com as diferenças e afinidades dessas três gerações juntas? Antes de tudo, é preciso entendê-las.

Uma pesquisa com 18 mil profissionais e estudantes em 19 países mostrou diferenças importantes nas aspirações e valores de cada uma das três gerações. Em artigo à Harvard Business Review, Henrik Bresman, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, disse esperar que os resultados sejam usados por empresas que busquem reter, desenvolver e atrair profissionais talentosos de todas as idades. No entanto, ele ressalta que o estudo mostra que as necessidades e expectativas dos profissionais costumam mudar ao longo da carreira. Confira:

Ambição de assumir um cargo de liderança
Se tornar um líder é importante para 61% das gerações Y e Z, e para 57% da geração X. Mas as respostas variaram bastante de país para país. Por exemplo, nos países nórdicos, os entrevistados reportaram menos vontade de assumir papéis de liderança do que no México. Na geração Y, 76% dos mexicanos consideram que é importante a possibilidade de se tornar um líder, enquanto apenas 47% dos noruegueses concordou com isso. Nos Estados Unidos, 77% dos profissionais da geração Y disseram que conseguir um papel de liderança é importante para eles.

As empresas devem ter essas preferências em mente. Nos mercados em que há falta entusiasmo para liderar – como Dinamarca, Suécia e França – pode haver dificuldade de encontrar sucessores para cargos importantes. Em países como México, Estados Unidos e Índia, por outro lado, as companhias precisam encontrar uma forma de gerenciar essas expectativas e promover a experiência de liderança ou outro tipo de motivação para os profissionais.

Em geral, as gerações X e Y estão mais entusiasmadas com a possibilidade de ser um mentor do que com o aumento das responsabilidades que um cargo de gestão normalmente traz. No entanto, os mais novos, da geração Z, citam as maiores responsabilidades e maior liberdade como atributos interessantes da liderança.

Também há uma diferença importante entre as aspirações de homens e mulheres em todos os recortes geracionais. Na geração X, 63% dos homens e 52% das mulheres consideram importante ter um papel de liderança. Nas gerações Y e Z, 63% dos homens e 61% das mulheres deram a mesma resposta. Em geral, conta Bresman, as mulheres da geração X costumam estar mais interessadas no desafio que envolve a liderança, assim como a possibilidade de serem mentoras para os demais. Já na geração Y, as mulheres também colocam a possibilidade de treinar os mais novos como uma prioridade, enquanto na geração Z, as mulheres sentem que o aumento das responsabilidades é o traço mais atrativo na liderança. Em todas as gerações, os homens citam o maior salário no futuro e maior nível de responsabilidades para justificar as ambições de liderar.

Quando questionados sobre os aspectos negativos da liderança, os altos níveis de estresse são citados pela geração Z em países como Japão, França e Reino Unido. Isso se repetiu entre os profissionais da geração Y nos Estados Unidos, Suíça e Finlândia. Em todos os países, os profissionais da geração X falaram que a maior preocupação deles era a de conseguir alcançar um equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.

Em todas as gerações e em todos os países, as mulheres são mais propensas a negar cargos de gestão pelo estresse que ele traz, por falta de confiança e por medo de falhar. Mas as preocupações delas são diferentes dependendo do país. As millennials chinesas estão mais preocupadas em não serem capazes de encontrar oportunidades que precisam para progredir, enquanto as chinesas da geração X se preocupam mais em conseguir aproveitar a aposentadoria. Ambas as gerações afirmaram ter medo de não conseguir encontrar um emprego disponível que se encaixe em sua personalidade. Já as millenniais dos Estados Unidos temem não conseguir alcançar seus objetivos de carreira. As suecas da mesma geração se preocupam em ter que trabalhar demais.

Vontade de empreender
O estudo percebeu que todas as gerações têm forte ambição empreendedora. Um em casa quatro estudantes da geração Z estão interessados em abrir um negócio. Entre aqueles que já estão no mercado de trabalho (gerações X e Y), um em cada três profissionais relatam essa mesma vontade.

Quando questionados se preferem trabalhar em uma companhia internacional ou abrir sua própria empresa, os entrevistados da geração Z preferiram um cargo em uma multinacional, enquanto as gerações X e Y disseram preferir começar seu próprio negócio.

Tecnologia
Quando os pesquisadores perguntaram quais as tecnologias que podem revolucionar o trabalho na próxima década, a geração Z era a mais entusiasta quanto ao potencial da realidade virtual. Os profissionais da geração Y também consideram que a realidade virtual pode revolucionar seus empregos na próxima década, colocando isso a frente dos dispositivos vestíveis (wearables), gerenciamento de projetos e conferências em áudio e vídeo.

A geração X, por sua vez, acredita que a realidade virtual terá pouco impacto no trabalho. Eles mostraram mais entusiasmo quanto a ferramentas voltadas para o gerenciamento de projetos, computação em nuvem e plataformas de aprendizado online.

O estudo também perguntou se os entrevistados consideravam que a tecnologia ajudava ou prejudicava sua vida no trabalho. Os profissionais mais velhos disseram que a tecnologia é prejudicial no Reino Unido, Suíça e Noruega. A tecnologia foi vista como uma ferramenta útil entre a geração X na Dinamarca, Suécia e México. Na geração Y, os entrevistados do México, Suécia e Alemanha foram os que tinham melhor percepção sobre o impacto da tecnologia.

Os estudantes da geração Z na Alemanha, Japão e México também afirmaram que a tecnologia é útil, mas os seus pares da mesma idade na China, Estados Unidos e Canadá foram mais propensos a afirmar que a tecnologia atrapalha o trabalho.

Mais de 70% dos entrevistados em todos os recortes geracionais afirmaram que a maior flexibilidade do trabalho é uma oportunidade para os próximos 10 anos. Na Suíça, todas as gerações colocaram a flexibilidade como a principal oportunidade, assim como em Cingapura. Os chineses e japoneses, por sua vez, estavam entusiasmados quanto às oportunidades internacionais de trabalhar com clientes e colegas de outros países.

Treinamento
Quando questionados se fariam um curso online oferecido por suas empresas, 70% da geração Z, 77% da geração Y e 78% da geração X responderam que sim. Mas, quando havia a opção entre um curso online e um presencial, 69% da geração Z disse preferir o presencial. A geração X foi a mais inclinada ao curso online, com 25% dos entrevistados escolhendo essa opção. Na geração Y, 21% dos profissionais disseram preferir o treinamento pela internet.

Personalidade versus ambiente de trabalho
Todas as gerações se mostraram preocupadas em conseguir encaixar suas personalidades dentro do ambiente de trabalho – 50% nas gerações Y e Z e 40% na geração X. Os millennials japoneses (66%) e espanhóis (57%) foram os que deram mais importância a esse item. Entre a geração Z, o Japão (60%) e a França (64%) se destacaram.

Os japoneses, dinamarqueses e indianos da geração X também colocaram a cultura da empresa como prioridade. Mas a maior preocupação dessa geração foi conseguir aproveitar a aposentadoria, não encontrar mais oportunidades de trabalho ou perder a estabilidade profissional.

Fonte: Época Negócios