Você pode até ter um poderoso arsenal de competências e uma coleção incrível de experiências profissionais, mas o mercado de trabalho não ficará sabendo disso se você não fizer um currículo capaz de refletir o seu potencial.

O documento funciona como o seu “cartão de visitas” para recrutadores. Ali devem estar as informações mais relevantes sobre a sua carreira e os motivos pelos quais valeria a pena contratar você.

Detalhe: a minoria dos candidatos segue essa recomendação. Em outras palavras, cuidar do CV já é, em si, um valioso diferencial para competir por um emprego num momento para lá de complicado da economia brasileira.

Francis Nakada, consultor de carreira da Produtive, diz que muita gente não compreende a finalidade do currículo — e daí nascem as falhas. “Em vez de mostrar por que está apta a preencher aquela vaga, a pessoa simplesmente apresenta o seu histórico profissional”, diz ele.

Pense de forma estratégica na sua transição de carreira. Se você pretende sair de um emprego como analista de marketing na empresa A para ser contratado como coordenador de eventos na empresa B, por exemplo, o seu CV deve trazer provas de que as suas experiências com marketing até o momento tornam você o candidato ideal para cuidar dos eventos naquela companhia.

“Quanto mais direcionado for o documento, melhor”, afirma Leonardo Berto, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half. O ideal é que você faça um currículo diferente para cada vaga, adaptado aos diversos pré-requisitos dos possíveis contratantes.

Com a ajuda dos dois especialistas, listamos a seguir os erros mais comuns na hora de fazer um currículo. Confira:

Erro #1:  Esquecer-se de incluir dados para contato

Por incrível que pareça, diz Berto, um grande número de pessoas envia currículos sem informações básicas como e-mail e telefone. Resultado: mesmo que tenha se interessado pelo candidato, o headhunter não consegue chamá-lo para uma entrevista presencial.

Às vezes, o profissional até inclui esses dados, mas falha nos detalhes. Um telefone do Rio de Janeiro sem o código 21 pode ser inacessível para um recrutador que liga de São Paulo, por exemplo; um e-mail que contém underline ( _ ) não permitirá a comunicação se for digitado com hífen ( – ); e assim por diante. Fazer uma revisão criteriosa do documento é essencial para não cometer esses erros minúsculos, porém fatais.

Erro #2: Não incluir o campo “objetivo” (ou preenchê-lo mal)

Cansado de examinar tantos currículos, o olho do recrutador irá direto para o objetivo descrito no topo do documento. A depender do que estiver escrito ali, ele sequer vai continuar a leitura.

Segundo Nakada, o objetivo deve estar afinado com a sua sua estratégia de transição profissional. “Seja específico e não coloque muitas áreas ou muitos cargos diferentes, ou o recrutador terá a impressão de que você não tem foco e está disposto a qualquer coisa só para ter um emprego”, explica ele.

Erro #3: Sobrecarregar o documento com textos, cores e imagens

Na tentativa de dar uma aparência robusta à própria carreira — ou simplesmente para não excluir nenhum dado que possa impressionar o recrutador — algumas pessoas escrevem currículos longuíssimos, com detalhes ad infinitum. Porém, além de cansar o leitor, um CV prolixo pode esconder as informações mais interessantes sobre você.

O ideal é dizer tudo em até duas páginas, afirma Nakada. Também vale ser econômico nas cores, fontes e, eventualmente, imagens. Prefira sempre um visual sóbrio, sem exageros, a não ser que você trabalhe em setores criativos como publicidade ou design.

Erro #4: Fazer elogios ao próprio comportamento

Este escorregão é clássico: no campo “Resumo de qualificações”, o candidato se define como alguém perseverante, criativo, dedicado, carismático e ousado. Sem perceber, está dizendo que é arrogante, prepotente, ingênuo e vaidoso…ou simplesmente que não sabe fazer um currículo.

De acordo com Nakada e Berto, o famoso “autoelogio” é uma das formas menos eficazes de cativar um recrutador e uma das mais certeiras para irritá-lo. Afinal, essa percepção positiva deve partir de terceiros, e não do próprio candidato. Será na entrevista e nas dinâmicas de grupo que você será colocado à prova sob esses quesitos — e quem vai dar o veredicto serão os seus avaliadores.

Erro #5: Deixar passar pequenos (ou grandes) deslizes no texto

Erros de digitação, como letras trocadas ou dobradas, não são tão inocentes quanto parecem. O problema não é cometê-los, mas sim deixá-los passar. “Significa que você não releu o seu próprio currículo antes de entregar, ou seja, que talvez seja uma pessoa relapsa e desinteressada”, diz Nakada.

Em alguns casos, a falta de revisão pode dar margem a problemas ainda mais graves. Para não escorregar no português, passe um corretor ortográfico no documento, faça várias releituras e peça para várias pessoas revisarem o documento para você. O mesmo vale para as eventuais versões em inglês do seu CV — que, aliás, não devem ser feitas com ferramentas automáticas como o Google Tradutor, ou provavelmente conterão diversos erros e inconsistências.

Erro #6: Mentir ou gerar a sensação de mentira

De acordo com Berto, alguns candidatos exageram algumas competências no currículo, sobretudo aquelas que dizem respeito ao domínio de idiomas — dizem que têm inglês fluente quando só têm nível intermediário na língua, por exemplo. No entanto, na hora da entrevista, eles acabarão sendo desmascarados. E o pior: a descoberta da mentira manchará a sua reputação no mercado por tempo indeterminado.

Às vezes, você também pode perder pontos com o recrutador simplesmente se passar a impressão de que está falseando ou ocultando informações. “Se as datas não batem ou há grandes lacunas temporais não explicadas, isso pode gerar desconfiança no leitor, mesmo que você não tenha mentido realmente”, diz o especialista. Para não correr esse risco, é importante garantir não apenas a sinceridade, mas também a clareza das suas afirmações.

Fonte: EXAME.com