Networking é uma daquelas palavras da moda que, apesar de usadas por muita gente, têm um significado pouco claro para a maioria.

Não é raro que o conceito criado nos Estados Unidos se confunda com falsidade na cabeça do brasileiro, pouco acostumado à ideia de que alguém pode construir uma relação com um objetivo — atrair oportunidades profissionais, no caso — sem ser interesseiro.

De acordo com Lygia Pontes, consultora e professora de networking na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing),  trata-se de uma relação como qualquer outra. “Assim como você faz com amigos e familiares, você precisa ser sincero, ouvir, estar disponível, é o extremo oposto da falsidade”, diz ela.

Outra confusão frequente é achar que networking é algo que só beneficia justamente um dos lados. Na verdade é uma troca, uma parceria com vantagens mútuas, afirma Fabrício Barbirato, diretor executivo do IDCE (Instituto de Desenvolvimento e Conteúdo para Executivos).

Uma rede de contatos só funciona quando se estabelece como via de mão dupla: você ajuda o outro e, eventualmente, será ajudado por ele no futuro.

Para extrair bons frutos do networking é preciso abandonar algumas crenças comuns sobre o tema. Veja 5 deles, lembrados pelos especialistas ouvidos por EXAME.com:

1. Networking não é necessário quando você é competente

Um engano comum é acreditar que bons profissionais acabam sendo reconhecidos mais cedo ou mais tarde pelo mercado — o que os dispensaria de investir em relacionamento para se dar bem. A professora Lygia Pontes, da ESPM, diz que nenhuma reputação se sustenta quando não há competência, mas que ser bom também não é suficiente: é preciso ativamente lembrar os outros desse fato.

Daí a importância do marketing pessoal dentro e fora da empresa em que você trabalha. “Você precisa se relacionar para estar sempre na cabeça das pessoas, assim como um anunciante que paga para aparecer na TV ”, compara a especialista.

2. Você não precisa fazer networking se está feliz no seu emprego

Construir uma rede de contatos profissionais é um investimento de longo prazo. Isso significa que é preciso cuidar dos seus relacionamentos não apenas quando você está insatisfeito ou desempregado, mas também quando a sua carreira está indo de vento em popa.

O networking não funciona como um interruptor de luz – algo que pode ser ligado ou desligado a qualquer momento, quando convém. “Invista na sua rede sempre, independentemente do momento que você está vivendo”, diz Fabrício Barbirato, do IDCE. “Procurar ajuda só quando a situação aperta dificilmente terá resultado”. 

3. Introvertidos não conseguem fazer networking

Quando o assunto é relacionamento, ouvir é mais importante do que falar. Por isso, os “quietinhos” não devem nada aos “populares”. Eles só estariam em desvantagem se obter sucesso na tarefa dependesse meramente de falar, falar e falar sobre si mesmo — o que não é o caso.  “Fazer networking significa estar aberto ao outro, ter interesse nas suas realizações, estar disposto a ouvi-lo, e não só tagarelar sobre as suas habilidades”, afirma Pontes.

Segundo Maurício Cardoso, co-fundador do Clube do Networking, os introvertidos costumam se diferenciar pela profundidade, constância e sobretudo pela escuta — que são valores essenciais para conquistar o respeito do mercado. Sua única dificuldade está no primeiro contato, mas isso pode ser facilmente driblado com algumas técnicas simples.

4. Dá para fazer networking pelas redes sociais

Ferramentas como o LinkedIn e até o Facebook podem ser incrivelmente úteis para manter os seus contatos profissionais sempre aquecidos. Mas a facilidade trazida pela internet não pode se transformar em vício. Afinal, o contato presencial, olho no olho, proporciona vantagens que nenhum chat online jamais irá possibilitar.

Segundo Pontes, redes sociais podem ser usadas para preservar e em alguns casos iniciar relacionamentos, mas não devem substituir os encontros. As melhores parcerias que você vai estabelecer na vida serão feitas diante de uma xícara de café, e não atrás da tela de um computador.

5. Fazer networking é “puxar o saco”

Bajular uma pessoa com a intenção de extrair dela alguma vantagem profissional é uma das piores atitudes que você pode tomar na carreira. “É preciso ser interessante e se mostrar interessado, mas nunca ser interesseiro”, ensina a professora da ESPM.

Barbirato lembra que o networking é feito de atitudes práticas para ajudar o outro, e não de elogios vazios para acariciar seu ego. “O puxa-saco só engana a si mesmo, porque as suas intenções serão percebidas cedo ou tarde”, diz Barbirato. Em tempo: ainda que ele não seja desmascarado, a simples bajulação não irá conquistar a confiança de ninguém.

Fonte: EXAME.com