Não é ficção científica: diante do rápidos avanços nas áreas de inteligência artificial, mecânica e big data, cada vez mais profissionais de carne e osso podem ser substituídos por robôs — e não só aqueles que trabalham em fábricas apertando parafusos como Charles Chaplin em “Tempos Modernos”.

De motoristas, garçons e caixas de supermercado a advogados e especialistas em medicina diagnóstica, o leque de profissões ameaçadas pelas máquinas só cresce, diz o consultor britânico Bernard Marr em artigo para o LinkedIn.

Mas como saber se a sua carreira está com risco de extinção? Uma ferramenta criada pela BBC, a partir de dados da Universidade de Oxford e da Deloitte, permite fazer um cálculo aproximado dessa probabilidade para 366 ocupações nos próximos 20 anos.

No entanto, a única forma de salvar o seu emprego — pelo menos em um futuro próximo — é garantir certas entregas que dificilmente um robô conseguiria fazer com a mesma qualidade.

Elas estão ligadas às seguintes competências, segundo Marr em seu artigo para o LinkedIn:

1. Criatividade
Você assistiria a uma peça de teatro interpretada por robôs? Gostaria de ver um jogo de futebol disputado por máquinas? Embora experiências bastante interessantes já tenham sido feitas nesse sentido, de forma geral as artes e os esportes passam longe do risco da automação.

Isso porque uma das tarefas mais difíceis para uma máquina, atualmente, é replicar a criatividade. “Um computador pode criar um quadro um um poema usando obras humanas como guia, mas isso não é a verdadeira criatividade”, afirma o consultor.

Isso não serve apenas para acalmar músicos, poetas ou jogadores de tênis: qualquer tipo de carreira que exija um alto grau de originalidade está relativamente segura. Mesmo fora da indústria criativa, qualquer profissional que se diferencie pela sua capacidade de inovar tem menos chances de perder seu emprego para uma máquina do que aquele que só aplica procedimentos pré-determinados.

2. Empatia
Profissionais cujo cotidiano exige muita interação humana também correm menos riscos. Afinal, pelo menos por enquanto, os robôs têm muita dificuldade em imitar comportamentos empáticos.

Os avanços na área de inteligência artificial permitem, no máximo, que eles sejam capazes de pequenas interações por telefone ou SMS com consumidores, por exemplo. Mas isso está muito distante da atuação de psicólogos, enfermeiros, dentistas, veterinários, nutricionistas e professores, por exemplo.

Empatia, inteligência emocional e facilidade para se relacionar são competências fundamentais para se destacar no mercado de trabalho atualmente — e serão diferenciais ainda mais competitivos em qualquer área com o avanço da robótica.

3. Capacidade de supervisão
Um computador pode ser programado para fazer compras automáticas de anúncios publicitários para uma empresa, mas um profissional de marketing será imprescindível para verificar regularmente se as ações estão alinhadas com os objetivos da marca.

Esse exemplo explica por que a capacidade de supervisionar, coordenar e consertar o trabalho das máquinas será (pelo menos num horizonte próximo) exclusivamente humano. “Uma grande empresa pode não precisar mais empregar um departamento inteiro de contabilidade, mas precisará de pelo menos um contador para fazer o controle de qualidade do trabalho dos computadores”, afirma Marr.

Investir em habilidades ligadas à gestão e ao planejamento estratégico colocam profissionais de diversas áreas, da engenharia à administração de empresas, num lugar bem mais seguro diante da automação.

4. Hiperespecialização
Os empregos generalistas serão os mais roubados por máquinas no futuro. Afinal, explica Marr, o objetivo da automação costuma ser atender às necessidades mais amplas e genéricas da produção de bens e serviços.

Um exemplo bastante elucidativo é o de um guia de turismo de uma cidade pequena. O trabalho dessa pessoa é tão individual e característico que não faria sentido desenvolver um robô para substituí-lo. Sua entrega é única demais para ser replicada em escala.

Por essa razão, especialistas capazes de oferecer soluções de nicho, ou que exigem conhecimentos muito específicos, terão menos chances de perder seus empregos para as máquinas, afirma Marr.

Fonte: Exame.com