Se você acha que precisa schedular um brainstorm para endereçar as mensagens da nova estratégia e dar um feedback à equipe sobre os resultados… Ok, faça isso, mas, por favor, evite os jargões.

E, ainda que as expressões batidas façam parte do DNA da empresa onde você trabalha, é aconselhável não abusar de seu uso. “O jargão é uma expressão da identidade, seja organizacional, de grupo ou de faixa etária. É uma maneira de se distinguir. Ele tem uma funcionalidade. Não existe por acaso”, ameniza Bete Saraiva, coordenadora do núcleo de comunicação de pós-graduação da ESPM.

Bete cita o caso de uma empresa na qual virou praxe os funcionários serem chamados pelas iniciais de seus nomes, algo como AC, PC, JP. A prática funcionava como um código próprio. Se o interlocutor pertencia ao grupo, sabia de quem falavam. Se passava a ser uma das iniciais, então… Aí era sinal de que havia se destacado na companhia.

Mas, se o jargão é um mal necessário à rotina das empresas, ele também pode ser umelemento complicador. “Se a expressão não é de domínio comum, é preciso se preocupar com quem usá-la. A dose te dá o veneno e te dá a vacina”, diz Bete.

A redação de Época NEGÓCIOS reuniu uma pequena lista com os jargões mais batidos que já ouvimos no mundo corporativo. Mas queremos a sua contribuição. Qual a pior expressão que você já ouviu em reuniões de trabalho ou no café da empresa?

Schedular: Vem do termo em inglês schedule, que significa agenda. Em bom português, significa agendar um evento, reunião etc.

Brilho no olho: Geralmente usado para descrever alguém com desempenho acima da média nas corporações, ou um funcionário muito empenhado.

Endereçar: É uma derivação aportuguesada do termo em inglês “to address”, bastante usada em situações nas quais é necessário transmitir uma mensagem.

Brainstorm: Uma técnica que tem por objetivo listar ideias que possam atacar um problema específico, mas que acabou se tornando um sinônimo para “reunião”. Também já ouvimos uma versão em português: “toró de palpites”.

Empowerment: Expressão usada ao delegar uma atividade de certa importância. É quase como dizer “Você pode fazer um pouquinho disto aqui, mas ainda sou eu quem está no comando.” E provavelmente, o “empoderado” não ganhará nem um centavo a mais por isso.

Feedback: Outra ferramenta, bastante utilizada pelo RH, para comunicar um funcionário desde um problema até um elogio. No fim das contas, virou sinônimo de “retorno”.

Quebra de paradigma: Uma das expressões preferidas, usada por 10 entre 10 executivos. De tão batida, acabou perdendo o significado, mas quer dizer alterar velhas práticas ou modelos para obter bons resultados.

Não estamos numa corrida de 100 metros e, sim,  em uma maratona:Expressão muito usada para justificar um resultado negativo e tentar manter a equipe motivada, ainda que o barco esteja afundando.

Toda crise é uma oportunidade: Mais uma frase motivacional que funciona mais como ânimo que como ferramenta para identificar boas práticas de negócios em tempos difíceis.

Do limão vamos fazer uma limonada: Praticamente uma substituta da expressão acima.

Está no nosso DNA: Uma iniciativa tão costumeira, tão amplamente adotada, que estaria incorporada ao modo de atuar da companhia.

Startar: Também usado como “dar o start”. Recorrente em frases como “Vamos startar o projeto”. É o bom e velho “começar” ou “dar início”.

To dos: Basicamente, trata-se da lista de afazeres. Fica ainda pior quando o interlocutor diz: “Fulano, coloque isso na sua lista de to do para fazer”. Se alguém traduzisse ficaria assim: “Fulano, coloque isso na sua lista de ‘para fazer’ para fazer.” Desnecessário.

Sinergia: A origem da palavra é poética, já que ela deriva do grego “synergía”, uma fusão de “sýn”, cooperação, e “érgon”, trabalho. Mas é facilmente substituída por trabalho em conjunto.

Briefing: Figurinha fácil nas rodas de profissionais de administração, relações públicas e publicidade, substitui o termo “relatório”. Pode ser também uma reunião para passar informações e preparar a equipe. O jargão é tão usado que gerou um filhote, o “de-briefing”, o qual, segundo um leitor, é a checagem do briefing.

Bypassar: Vem do termo em inglês “bypass”, que significa “passar por cima de” ou “burlar”. Usado para amenizar situações de trabalho na qual um colega atravessa alguém – muitas vezes o próprio chefe.

Agregar valor: Esse faz parte da série “Quem nunca?”. De tão usado, já ficou batido. Para fugir da expressão, diga que o trabalho, projeto ou ação “não vai dar em nada”, em vez de dizer que ele “não agrega valor”.

Tropicalizar: Houve uma época em que as estratégias (de negócios, comunicação, marketing etc) saiam da matriz e eram adaptadas por cada filial, conforme o mercado local. No Brasil, talvez por sermos conhecidos como o país dos trópicos, alguém achou bonito falar “tropicalizar”. Pronto, pegou.

Expertise: Por que falar “essa é nossa especialidade” se podemos parecer ainda mais “especialistas” e usar o “essa é nossa expertise”?

Attachado: Provavelmente, é herança dos programas de email em inglês, mas muita gente ainda fala “segue o arquivo ‘attachado'”, em vez de “anexado”.

Tem mais sugestões? Mande um comentário pra gente.

Fonte: Época Negócios Online