As mulheres, de maneira geral, têm um desempenho melhor do que os homens no ensino médio americano. Com isso, um maior número delas acaba se graduando nas universidades. À medida que as mulheres se tornam presidentes de empresas importantes como HP, IBM e Pepsico, há sinais de que a diferença salarial entre homens e mulheres pode finalmente estar sendo desafiada.

Esse tipo de acontecimento encoraja jovens profissionais do sexo feminino a acreditar que as normas sociais estão mudando. No entanto, um estudo recente revela que os ganhos das mulheres no “front” econômico também podem contribuir para uma redução no número de casamentos e também para uma menor estabilidade das uniões.

Uma das explicações é que, com um maior poder econômico, as mulheres podem estar mais dispostas a sair de casamentos insatisfatórios. Ao mesmo tempo, elas podem estar desafiando a norma social cristalizada de que o homem devem ser o principal responsável pelo “ganha-pão” da família.

A dificuldade masculina em aceitar essa mudança mostra um paradoxo. Os homens que passam a adolescência sem rumo e metade da faculdade bêbados não deveriam se surpreender ao ver as mulheres ganhando espaço no mercado de trabalho. A evidência mostra, porém, que os homens, embora aplaudam a iniciativa das esposas de ajudar nas contas, sentem-se ameaçados quando elas passam a ganhar mais do que eles.

Um estudo das economistas da Universidade de Chicago Marianne Bertrand, Emir Kamenica e Jessica Pan mostra que as visões tradicionais de identidade de gênero, especialmente a noção de que o marido tem de ganhar mais do que a mulher, estão afetando as escolhas sobre com quem as pessoas se casam e também a estabilidade das uniões.

Apoio condicional. Um levantamento feito em encontros às escuras para casais solteiros mostra que as mulheres buscam homens inteligentes e ambiciosos. Já os homens preferem mulheres com as mesmas qualidades, mas só até o ponto em que eles não se sintam ameaçados.

Os ganhos financeiros das mulheres têm aumentado constantemente ao longo dos últimos 40 anos – ainda que, em termos médios, as trabalhadoras ganhem menos do que seus pares do sexo masculino.

Um sinal de mudança é evidenciado por um estudo recente da Pew Research. Ele mostra que hoje 15% dos lares americanos com filhos têm as mães como as principais responsáveis pela renda. Pode parecer pouco, mas o índice era de apenas 3,5% em 1960.

A expectativa de acentuação dessa realidade deve trazer ainda mais estresse para as uniões ou até impedir que os casamentos ocorram. Esse dado talvez ajude a explicar a razão pela qual o casamento de jovens adultos (com idade até 34 anos) decaiu entre 30% e 50% nos Estados Unidos, em diversos grupos étnicos, no período entre 1970 e 2008.

Fonte: Estadão.com