Impulsionada pela maior rigidez na legislação, a área ambiental cresce em ritmo acelerado no Brasil. A estabilidade econômica, os investimentos em obras de infraestrutura e a procura por produtos e empresas verdes colaboram para aumentar a demanda por profissionais técnicos, de áreas ligadas ao controle e à mensuração dos impactos ambientais.

Entre 2006 e 2010, os empregos verdes cresceram 26% e representam 6,6% dos trabalhos formais, percentual superior ao da construção civil. Os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil mapeiam vagas que produzem carbono zero e colaboram para uma economia sustentável.

Um estudo da Firjan sobre as perspectivas da indústria para 2020 mostra que 59% das maiores empresas do país pretendem expandir sua área de meio ambiente.

— As empresas estão mais conscientes, a fiscalização, mais rigorosa, e hoje é mais fácil cumprir as normas. A área ambiental cresce, principalmente, por ser transversal, por trabalhar para vários seguimentos econômicos — aponta a gerente de pesquisas da Firjan, Hilda Alves.

Nos últimos 10 anos, o Brasil deu passos significativos ao definir as políticas nacionais sobre mudanças climáticas e destinação de resíduos sólidos. Além disso, publicou normas e portarias sobre o gerenciamento de áreas contaminadas e a concentração máxima de contaminantes no solo e na água. O resultado é uma maior demanda por profissionais qualificados nessas áreas.

— Em alguns casos, encontramos níveis de contaminantes bem acima da norma. Químicos como o benzeno podem causar diversas doenças — destaca Ubirajara Carvalho, de 27 anos, engenheiro do Centro de Tecnologia Senai Ambiental.

As novas normas provocam ainda uma caça a advogados ambientais, escassos no mercado. Eles analisam as exigências de grandes obras e defendem empresas em casos de contaminação.

Olhar sustentável

Considerada uma profissão nova, a gestão ambiental é apontada como o link entre as áreas de uma empresa que afetam o meio ambiente. O gestor com visão multidisciplinar é capaz de visualizar o impacto como um todo e detectar em quais etapas o processo deve ser aprimorado.

Heiko Spitzek, professor de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, avalia que faltam profissionais que consigam traduzir o discurso técnico para a gestão econômica do negócio. E avisa:

— O executivo que souber fazer isso será mais bem sucedido. É preciso identificar na cadeia produtiva onde é mais eficiente investir dinheiro para conseguir reduzir as emissões.

Patrick d’Oliveira, de 23 anos, estudante de Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da UFF, sabe que não faltará oportunidade de emprego ao se formar.

— Empresas sustentáveis são mais bem-vistas no mercado e todas estão em busca disso — diz o estagiário de Gestão Ambiental do Senai.

Para a professora da FGV e gestora de carreiras Anna Cherubina, todos os profissionais devem ter o olhar voltado para a sustentabilidade. Na busca por produtos e práticas verdes, uma ideia pode economizar milhões:

— Os jovens precisam estar atentos e encontrar o seu diferencial neste universo.

Talita Campbell, de 27 anos, bióloga com especialização em Ecologia, trabalha na agência de design Tátil, onde elabora projetos com o uso da Biomimética, ciência que estuda as estruturas biológicas, procurando aprender com a natureza. Lá, há clientes que optam pelo ecodesign, ou seja, embalagens com o mínimo de impacto ambiental e matéria-prima menos agressiva.

— No Brasil, isso ainda é estratégia de diferenciação, não é a única forma de agir.

Fonte: O Globo Online