Conseguir um emprego nos Estados Unidos parece um sonho distante para você? Talvez essa percepção seja resultado de mera desinformação — ou mesmo sintoma da eterna síndrome de vira-lata do brasileiro.

É o que diz Leonardo Freitas, sócio-diretor da Hayman-Woodward, empresa especializada na entrada e saída de pessoas físicas e jurídicas do Brasil.  “É preciso desmistificar a ideia de que só dá para viver aqui como imigrante clandestino”, afirma o especialista, que trabalha na Flórida.

Ao contrário do que muita gente pensa, continua ele, os Estados Unidos são muito receptivos aos estrangeiros, inclusive brasileiros, desde que sejam qualificados. “Se você buscar informação nos consulados e outros órgãos oficiais de imigração norte-americanos, verá que existem diversas modalidades de vistos e permissões de ingresso no mercado local”, diz.

Diante da crise em curso no país, a quantidade de profissionais brasileiros que buscam guarida no mercado norte-americano está aumentando. Esse efeito é potencializado pelo aquecimento da economia dos Estados Unidos. Para Freitas, nem antes da crise de 2008 havia tantas oportunidades de carreira para expatriados quanto existem agora.

Claro que as oportunidades em terras ianques não caem do céu. De modo geral, é preciso ter pelo menos de 5 a 10 anos de experiência, excelentes qualificações acadêmicas e inglês fluente. Quanto mais especializado você for, melhor. Também é fundamental ter espírito empreendedor: ainda que não tenha o seu próprio negócio, você precisa agir como se fosse o dono da empresa onde trabalha.

Dito isso, é importante destacar que alguns setores de atuação oferecem mais vagas do que outros. Nesta galeria, você verá as carreiras mais quentes para brasileiros nos Estados Unidos no momento, de acordo com a Hayman-Woodward.

Engenharia e automação

Uma das grandes portas de entrada para brasileiros nos Estados Unidos é a área de tecnologia aplicada. “O mercado norte-americano quer pessoas capazes de desenvolver soluções de ponta, tanto para aperfeiçoar máquinas e processos industriais quanto para desenvolver produtos e serviços vendidos diretamente ao consumidor”, explica Freitas.

Há uma explosão de oportunidades para engenheiros do setor de infraestrutura e energia, que encontram trabalho na construção de hidrelétricas, projetos de remanejamento de rios e obras de saneamento, por exemplo.

Também existem muitas vagas na área de automação e inteligência artificial: o mercado da “internet das coisas”, que cria relógios, casas, carros e outros objetos “inteligentes”, é um dos mais pujantes.

Segundo Freitas, os estados com mais oportunidades para estrangeiros especializados nesse segmento são Washington, Califórnia, Texas, Flórida, Massachusetts e Nova York.

TI e telecomunicações

Brasileiros que trabalham com tecnologia da informação, como desenvolvedores de softwares e de aplicativos para dispositivos móveis, têm boas chances de sucesso no mercado norte-americano. “Os apps ligados à área de saúde e biometria, por exemplo, estão bombando”, diz Freitas. Gestores de redes, programadores e administradores de bancos de dados também estão em alta.

Além disso, há boas oportunidades para quem trabalha com infraestrutura de telecomunicações, desenvolvimento de fibras ópticas e tecnologias sem fio. De acordo com o sócio-diretor da Hayman-Woodward, as vagas na área estão principalmente nas startups, já que as grandes empresas de telecom costumam se tornar incubadoras.

O Vale do Silício, região ao norte do estado da Califórnia que serviu de berço para empresas como Google e Apple, é o maior celeiro de oportunidades na área de desenvolvimento de softwares, gadgets e aplicativos. Já as vagas para telecomunicações se concentram em cidades do nordeste do país, como Nova York, além de Boston, Miami e Weston.

Saúde

Entre outros fatores, a recuperação da economia, a melhora dos salários e o envelhecimento da população explicam por que especialistas na área de saúde são tão procurados nos Estados Unidos. O setor, aliás, é o que paga os maiores salários no país.

Embora haja pouco espaço para médicos e dentistas estrangeiros, há oportunidades consideráveis para fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e especialistas no cuidado de crianças com deficiência.

A validação do diploma para atuar com saúde no país varia muito de caso para caso. “O processo demora de 6 a 8 meses em alguns casos, ou até dois anos em outros”, diz Freitas.

De acordo com a Hayman-Woodward, as regiões com mais vagas atualmente na área são os estados de Washington, Maryland, Oregon e Nova Jersey, além das cidades de Boston e Cleveland.

Mercado financeiro

Superada a crise de 2008, que abalou fortemente os ganhos e a credibilidade do setor financeiro, o mercado de trabalho na área só cresce – inclusive para estrangeiros. “A maior economia do mundo movimenta diariamente bilhões de dólares nos mais diversos setores e o mercado financeiro é o canal oficial de circulação desses recursos”, diz Freitas.

De acordo com ele, há vagas para economistas, administradores, contadores, corretores de valores, profissionais do segmento de seguros e especialistas em tecnologia bancária e desenvolvimento de produtos financeiros.

“Vale destacar que todas as grandes instituições financeiras brasileiras estão presentes nos Estados Unidos, o que pode ser uma boa via de acesso ao mercado de trabalho local”, afirma o especialista.

Embora Nova York seja o grande “ímã” de profissionais da área, a expansão de empregos em bancos e instituições financeiras de Miami tem colocado a cidade da Flórida no mapa das oportunidades para quem trabalha com dinheiro.

Turismo

“Hotelaria, alimentação, locação de veículos, tradução, feiras e eventos estão entre as opções que oferecem mais vagas para profissionais qualificados em turismo de todo o mundo, inclusive brasileiros”, diz Freitas.

As vagas não são apenas para trabalhos temporários em grandes “ímãs” de turistas como Disney e Sea World. Cresce também o número de empregos fixos em grandes empresas na área de marketing de turismo e outros cargos estratégicos na área.

De acordo com o especialista da Hayman-Woodward, o estado do Havaí é o que mais oferece oportunidades no setor atualmente. Também há muitos brasileiros trabalhando com serviços ligados ao turismo em Nova York e na Flórida, nas estações de esqui do Colorado e nas vinícolas do norte da Califórnia.

Pesquisa científica

Pesquisadores brasileiros também são bem aceitos nos Estados Unidos, sobretudo na área de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. “Se você tem uma linha de pesquisa relevante e inovadora, há muito incentivo financeiro por parte do governo e das empresas, além de maior facilidade para conseguir o green card”, diz Freitas.

Além de fazer pesquisas, muitos estrangeiros também atuam como docentes em faculdades e universidades. Alguns exemplos de áreas com grande demanda de estudiosos são a investigação da cura de doenças como câncer e Alzheimer, engenharia genética e desenvolvimento de combustíveis limpos e renováveis.

A carreira acadêmica, de forma geral, oferece boas oportunidades em diversas regiões do país. “A cidade de Boston atrai pesquisadores porque há muitas empresas próximas das principais universidades, como Harvard”, diz Freitas. “Outros exemplos são a Tufts University, também em Boston, e a John Hopkins, em Maryland”.

Fonte: Exame.com