Trabalhar e estudar não é fácil. Mas dá para conciliar os dois papeis de uma maneira mais inteligente; veja as dicas de quem já sentiu o desafio na pele

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Por Talita Abrantes

De um lado, metas para bater, reuniões para fazer e ao menos oito horas de trabalho duro para preencher. De outro, trabalhos, provas e a presença obrigatória nas aulas.

Quem estuda e trabalha sabe que a rotina malabarista para conciliar os dois papeis (sem contar as questões pessoais) não é fácil.

Nelson Barth, hoje professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), viveu isso na pele: ao mesmo tempo foi pai de uma filha pequena, empresário e doutorando.

“Quando eu olho para trás, às vezes, me pergunto como fiz tudo isso”, diz. A resposta está em uma postura estratégica diante do triplo desafio, no caso.

A base para isso é entender que o tempo, assim como o dinheiro, é um recurso limitado. Usá-lo com inteligência é a base para o sucesso em todas as funções com as quais você compartilha suas energias.

Veja um passo a passo para conseguir este feito:

Antes de tudo, defina seus objetivos

Pensar em estratégias de administração do tempo é fundamental para quem está nesta fase da vida. “Mas antes da questão do controle, você precisa saber o que quer”, diz Armando Dal Colletto, diretor acadêmico da Business School São Paulo, que também já teve que conciliar a vida acadêmica com a realidade do mercado de trabalho.

Ou seja, não dá para se inscrever em um curso de especialização ou um MBA só porque todo mundo faz isso.

Ao assumir este compromisso, você deve saber quais são os seus objetivos de carreira e as razões que justifiquem os estudos neste contexto. O mesmo vale para quem ainda não terminou a primeira graduação e já está no mercado de trabalho.

Em ambos casos, questione: quais são seus projetos de carreira? Que espaço os estudos terão (ou têm) em sua lista de prioridades? Eles, realmente, são importantes para você?

Então, conheça a si mesmo

Ao mesmo tempo em que responde “para onde quer ir” (ou seja, define seus objetivos de vida), você terá que definir com clareza quem você é – de fato.

Além de ajudar no desenho de rumos mais precisos, o autoconhecimento é crucial para quem precisa assumir a dupla função (ou tripla, dependendo das suas outras responsabilidades sociais).

Uma análise SWOT pode ser muito útil neste processo. Investigue: Quais são suas forças? E as fraquezas? Quais as oportunidades e ameaças neste contexto?

“Você consegue dormir pouco ou precisa dormir dez horas? Consegue fazer mais de uma coisa por vez? Prefere estudar em grupo ou sozinho?”, diz Coleto, adaptando o conceito para o cenário em questão.

É com base no resultado desta análise que você deve esboçar as estratégias para dar conta do recado.

Depois, tenha consciência

Você já parou para pensar em como usa o tempo ao longo do dia? Quanto gasta no Facebook, em reuniões, com a família, vendo TV ou fazendo nada? “A gente faz um monte de coisas e não temos consciência”, diz Barth.

Por isso, uma dica é anotar todas as atividades que preenchem o seu dia e o tempo dedicado para cada uma delas.

A lógica é parecida com uma das estratégias para economizar dinheiro ou consumir menos calorias para quem está de dieta: anotam-se todos os gastos ou alimentos ingeridos para poder controlar as finanças e/ou o peso de uma maneira estratégica.

Próximo passo: Lime o que não agrega

Com este mapeamento em mãos é hora de cortar (ou reduzir o espaço na agenda ) de tudo aquilo que não contribui para seus objetivos. “Por exemplo, todo dia eu leio jornal. Preciso? Não, não preciso. Hoje, eu faço porque tenho tempo”, exemplifica Barth.

Com isso, a agenda fica mais limpa e sobra mais espaço para alocar, com sabedoria, as atividades coerentes com sua visão de futuro.

Com isso, defina prioridades

Neste processo, é essencial definir quais as tarefas merecem etiqueta de importância e onde você deve focar suas energias. “Você tem que se voltar para as suas prioridades. Se não entender isso, vai estourar seu orçamento de horas”, diz Dal Colletto.

A “dívida” pode se materializar em noites mal dormidas, índices elevados de stress e um péssimo desempenho em todos os papeis, por exemplo.

Negocie

Do seu chefe até a família: todos devem estar cientes do seu novo desafio e dos limites que esta nova condição pressupõe. “Se seu emprego demanda que você esteja 100% disponível, então, deve voltar para os primeiros passos e rever seus objetivos”, diz Barth.

Regra prática: Assuma o compromisso

Uma dica para ter suas responsabilidades em dia é colocar tudo na agenda – até as pequenas atividades que precisam ser feitas para que uma tarefa maior saia do papel.

Por fim, dedique-se por inteiro

Não adianta estar no trabalho com a cabeça na pós ou na aula com a cabeça em tudo que deveria ter feito durante o expediente. Foco, neste ponto, é fundamental. “Quem interrompe muito acaba não tendo muita clareza se vai terminar uma tarefa ou não”, diz Dal Colletto.

Fonte: Exame.com