Sucesso e crise são duas palavras que parecem não combinar em hipótese alguma. Mas depende: ao mesmo tempo em que fecha portas para uns, a situação ruim da economia pode abrir oportunidades para outros.

A necessidade de enxugar despesas faz com que muitas empresas busquem mais flexibilidade nas contratações e apostem menos em funcionários “full-time” para determinadas atividades — o que abre espaço para quem atua como freelancer, diz Guillermo Bracciaforte, cofundador da Workana, plataforma de trabalho autônomo.

Não que o profissional independente também não sofra com a maré ruim. Ainda que possa haver mais pedidos de “jobs”, o freelancer muitas vezes precisa aceitar pagamentos mais baixos por suas entregas. Isso para não falar nos atrasos para receber, que podem se tornar mais longos em tempos de finanças apertadas para as empresas.

Mais do que nunca, é preciso fazer escolhas estratégicas para ganhar clientes e maximizar os seus ganhos, sem deixar a qualidade das suas entregas —e a sua saúde física e mental —desabarem.

O segredo para conseguir isso é zelar pela sua reputação, garante Sebastián Siseles, diretor internacional do portal Freelancer.com. “A credibilidade é sempre o principal recurso de um freelancer, com ou sem crise na economia”, diz ele.

Mas como fazer isso em tempos tão difíceis para o mercado? Confira a seguir 5 dicas valiosas sobre o assunto:

1. Saiba o preço mínimo que você pode cobrar

Na crise, muitos profissionais reduzem drasticamente seus preços para atrair clientes e derrotar a concorrência. A tática pode até funcionar a curto prazo, mas no fim dará errado: você acabará com muito trabalho e pouco dinheiro.

“Saiba o seu limite, isto é, o mínimo que você precisa ganhar para que o trabalho seja rentável”, diz Bracciaforte. Combinar um valor inicial baixo demais pode obrigar o freelancer a fazer cobranças adicionais durante a realização do trabalho — o que pode gerar irritação no cliente e até comprometer sua reputação perante o mercado como um todo.

Uma ferramenta gratuita recentemente lançada pela Workana permite fazer o cálculo da sua hora de trabalho em áreas como marketing, conteúdo, design, administrativo e TI. Os parâmetros usados para a conta são o país, o tempo de experiência e a função desempenhada. Clique aqui para acessá-la.

2. Mostre interesse pelo trabalho

A melhor forma de se diferenciar na crise não é reduzir selvagemente o próprio preço, mas conquistar a plena confiança do cliente. Mais do que pagar pouco, o grande incentivo para uma empresa que busca eficiência é a garantia contra riscos: pode-se esperar que você entregará tudo no prazo, com excelente qualidade. Para isso, é importante demonstrar interesse pelo objetivo do cliente, e não apenas vontade de ganhar dinheiro com aquilo.

“Leia o briefing com atenção, faça as perguntas certas, seja gentil e mostre que você está disponível para feedbacks”, explica Bracciaforte. Associada à qualidade e à pontualidade da entrega, esse tipo de atitude faz toda a diferença para ganhar credibilidade e ser chamado para novos trabalhos no futuro.

3. Administre seu tempo com sabedoria

Um dos segredos de um freelancer bem-sucedido é a capacidade de ter uma rotina organizada e disciplinada. Isso é especialmente importante em tempos de crise, quando a carga de trabalho aumenta e os prazos ficam mais apertados.

“Não dá para acordar tarde e começar a trabalhar sem qualquer planejamento do seu dia”, diz Siseles. Você precisa estabelecer prazos para si mesmo, escolher um local de trabalho adequado e, assim, garantir a sua produtividade.

Fazer uma gestão estratégica do seu tempo também é essencial para que você não viva correndo atrás do relógio e nem se torne um “escravo” das suas obrigações. Com uma agenda equilibrada, você não precisará abdicar do lazer, do descanso ou da convivência com pessoas queridas.

4. Crie relacionamentos de longo prazo

Por definição, um freelancer é alguém que faz trabalhos de forma pontual, com data explícita para terminar. Essa transitoriedade não pode também se aplicar também às relações com seus clientes — elas precisam durar mais do que um “job”. Na crise, a fidelidade de um cliente vale ouro.

“Mande um e-mail ou faça uma ligação telefônica uma vez por mês para saber como vão os seus contatos mais importantes”, recomenda Bracciaforte. É importante manter o diálogo ativo mesmo depois que o trabalho já foi encerrado, tanto para receber novas solicitações daquele cliente quanto para que ele indique o seu nome para terceiros.

Também vale investir em relacionamento com outros freelancers. “Faça networking com colegas de profissão ou pessoas de áreas correlatas à sua”, diz Siseles. “Além de trocar dicas e informações sobre o mercado, vocês podem eventualmente dividir projetos multidisciplinares”.

5. Tenha um bom planejamento financeiro

Com ou sem crise, um freelancer sempre precisa lidar com a intermitência de seus rendimentos. Para não ficar no vermelho, é preciso ter um controle rigoroso das suas finanças. Isso envolve fazer uma previsão dos seus gastos mensais, cobrar um valor justo pelo seu trabalho e sempre alimentar um fundo de reserva para emergências.

Também é necessário contar com possíveis atrasos de pagamentos, que podem se tornar mais frequentes e longos por causa da crise. Para evitar grandes “furos”, uma possibilidade é programar mensagens automáticas de cobrança. “É uma forma mais sutil e menos pessoal de lembrar os seus clientes que eles lhe devem dinheiro”, diz Bracciaforte. Ferramentas de envio de lembretes costumam ser pagos, mas podem valer a pena em alguns casos.

O cuidado com as finanças também é o que permite que você seja seletivo na hora de escolher projetos e não trabalhe desesperadamente para pagar as contas. Se for organizado e tiver uma boa reputação, um dia você poderá apenas escolher os clientes que pagam melhor, conclui Siseles.

Fonte: EXAME.com